Todos nós conhecemos ou admiramos fotógrafos que de qualquer coisa fotografem, por muito incipiente, desinteressante, banal que pareça conseguem fazer com esse objecto ou tema se destaque.
Tiago Bettencourt não é um desses fotógrafos, mas é um desses músicos.
Não estou a ver que outro conseguiria pegar nesta letra e torna-la numa canção minimamente credível.
Diga-se em abono da verdade que a canção não é dele. O original é de Tiago Guillul que a tinha gravado em 2008, num álbum chamado IV.
Atentem bem à letra de Tiago Lacrau.
Não lembra ao diabo. Palerma até mais não.
Nunca estivemos tão manietados, tão iguais, tão sem opções, tão escravizados como agora.
Se a tecnologia é algo desejável porque nos facilita a vida, nos permite uma cada vez melhor qualidade de vida, é ela também que nos estupidifica, nos retira a individualidade.
E de novo, se a pretexto das tecnologias da informação desejamos uma sociedade mais aberta, mais ligada, mais global, é exactamente este mesmo pretexto que paradoxalmente efectivamente nos retira da sociedade, nos fecha e isola da mesma.
E retira-nos aquilo, o que à semelhança da personalidade, mais no caracteriza enquanto seres sencientes: as emoções, o amor, o respeito.
Seja relativamente a uma pessoa, a um animal, à natureza, ao que nos rodeia, ao planeta.
Somo cada vez menos pessoas, personalidades e somos cada vez mais informação, cada vez mais número binários.
E o que mais gostamos de pensar que temos, que de facto não temos, ou temos cada vez menos é o livre arbítrio.
A espécie humana é muito patética. E igual. E monótona. E desinteressante. E destruidora.
O planeta devia ver-se livre de nós, desta praga que caminha e se reproduz sobre ele. E a nossa estupidez, cegueira, é de tal ordem, tão suprema que não vamos esperar que isso aconteça, nós próprios estamos a fazer o contrário: a ver-nos livres do planeta.
O mais triste disto tudo é que eu pertenço à espécie humana. Não sou melhor que os outros. Apesar de tentar, de o desejar, de o querer, de acreditar que posso ser.