sábado, 10 de setembro de 2016

uma música para o fim de semana - Samuel Úria


Em 1920, o fisiologista norte-americano Walter Cannon teorizou que perante uma situação de ameaça, de stress, os animais, humanos incluídos, tinham uma de duas respostas possíveis: a luta, ou a fuga. Em inglês estas combinação de respostas é muito conhecida por fight or flight.
Agora sabe-se há uma terceira hipótese: o ficar quieto. Em inglês este termo é designado por freeze.
A resposta da paralisia, o freeze, é uma resposta de sucesso.

Significa que perante uma ameaça, o ficar quieto, é uma vantagem porque pode provocar desinteresse por parte do predador, do agente ameaçador. A fuga pode desencadear uma perseguição que por sua vez pode ser fatal, a luta em condições desiguais conduz à derrota e à perda de energia. O ficar quieto pode permitir a sobrevivência em situações em que esta possibilidade desta é muito baixa, até ao momento em que as condições evoluam para uma situação favorável de sucesso de fuga ou de luta.

A música para este fim de semana, Dou-me Corda, de Samuel Úria, é um hino ao desencanto, cantado com um encolher de ombros. Alguém que leva uma chapada sem fechar os olhos, ou virar o pescoço. Pensei de imediato no freeze.
A voz e letra pessimista mostram a sensação da quase inutilidade de lutar. Advoga o ficar quieto, estático, porque à partida o sucesso está condenado ao insucesso.
Samuel até coloca o futuro num pos-it para poder ser lembrado. Não há convicção nele, não há esperança nele.
Marionetas numa mão maior. Ou seja não faças ondas, não te mexas muito, fica quieto. Sobrevive.





Dou-me Corda

Eu tinha a corda na garganta afinada em dó
E outra corda no pescoço com um windsor knot,
Aperaltado alternativo a aspirar o Pop,
Mas com fascínio travestido de mulher de Ló.

Tenho o futuro num post-it que é para ser lembrete.
Pus os meus filhos na cantera mas nenhum promete.
O livre arbítrio fez voz grossa mas saiu falsete.
Mantive a Fé e o bom combate na carreira das 7.

Estou reservado para o lado que no fim se ri,
Mas nunca fico no meu canto sem sobrar pra ti.
Não vais chegar às notas altas sem um bisturi;
O auto-tune é tão bem vindo como o Pitanguy. 

E dou-me corda
E dou-me corda.
Eu dou-me corda que está presa numa mão maior.

Eu tenho a corda dos sapatos afinada em ré:
Não consigo andar prá frente plo meu próprio pé,
Nem com trotes nem trinados nem com a Santa Sé.
Falhou-me o auto-empurranço, é só cafuné. 

Eu dou-me corda
E dou-me corda
Eu dou-me corda que está presa numa mão maior.

Eu dou-me corda
E dou-me corda
Eu dou-me corda que está presa numa mão maior.

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Alexa Meade - Not Normal


É algo de inacreditável ver estas pinturas de Alexa Meade. É difícil aceitar que elas não sofreram algum tipo de manipulação da imagem ou de efeitos especiais. 
São pessoas reais pintadas de tal maneira que se tornam em perfeitas pinturas bidimensionais iludindo os nossos cérebros. Autênticas pinturas de pastel, acrílico e até grafitis, arte urbana.

A maneira com a norte-americana Alexa Meade, de apenas 30 anos, funde pessoas com o fundo criado por si, ou aproveitando o que existe, ilude completamente os nossos sentidos e a dúvida só se desvanece quando os modelos se movimentam.













terça-feira, 6 de setembro de 2016

Brad Mehldau toca Pink Floyd


Uma das coisas maravilhosas do jazz é a capacidade de transformação.
Consegue pegar num tema, dar-lhe uma roupagem nova, reinventar o tema, torná-lo quase completamente diferente, mantendo-se fiel à sua essência, mas subvertendo a sua lógica.


A etiqueta Nonesuch, a 14 de Setembro de 2012, decidiu lançar um álbum especial - 10 Years Solo - para celebrar dez anos de concertos solo do norte-americano Brad Mehldau.

Brad Mehldau é um dos maiores pianistas de jazz da actualidade. Ele foi buscar Hey You do álbum The Wall dos Pink Floyd, e ao piano deu-lhe um toque de uma expressiva intimidade invulgar.
Deixou de ser dos Pink Floyd, nem nos lembramos deles, para nos focarmos no piano pacificador de Mehldau e na melodia que ele toca, e cujo nome também deixou de nos interessar.
Durante pouco mais de seis minutos, Hey You pertence a Mehldau e num acto de pura generosidade por parte do pianista, ele oferece-nos essa pertença. Algo que o original dos Pink Floyd não consegue de todo.


Imagino uma pacata manhã fria de inverno, a passear sem pressa num parque, mãos nos bolsos das calças, a dar pontapés nas poucas folhas que ainda restam do Outono, caídas no chão e a sair vapor cada vez que respiro.







segunda-feira, 5 de setembro de 2016

série "estatísticas da vida" - CXC


Definitivamente as baratas.
Mas os Nokia, tenho um destes, certamente que vão funcionar após qualquer guerra mundial, tal como as pedras de lego que são tantas por aí e já magoaram tantos milhões de pés descalços que vão sobrar mesmo muitas independentemente da tecnologia da guerra.

E se pensarmos que o imbatível Chuck Norris consegue apanhar pokémons com um telefone... fixo, então todas as hipóteses consideradas deviam ser iguais ;)