Veio do coração esta música do pianista e compositor português Carlos Azevedo.
Fico com a sensação que eles escreveu esta peça para si próprio. Uma entrada num hipotético diário, se o tivesse, sobre algo que conseguiu completar, concretizar, e que lhe trouxe tranquilidade.
Um suspiro de contentamento musical sobre uma tarefa de um peso monumental que lhe demorou anos a sair dos ombros.
Guitarra e piano subtis, muito orgânicos na forma como se combinam e se completam.
Uma música de uma grande simplicidade, elegância, muito espacial, mas contida na forma como usa esse espaço e de uma imensa sofisticação.
Tranquila, serena, profunda.
Vinte e sete anos. Morreu com a mesma idade que Kurt Cobain, Amy Winehouse ou Jimi Hendrix morreram. Para todos estes nomes, a morte chegou apressada, cedo demais.
Mas foi a morte precoce que os imortalizou e lhes garantiu a juventude eterna. E acima de tudo, aquilo que todos eles, de almas inquietas, procuravam, mas que provavelmente a sua genialidade os impedia de encontrarem, a paz.
Jim Morrison, a icónica voz dos The Doors, morreu há quarenta e seis anos.
Duas canções ecoam de imediato na minha cabeça quando os The Doors são mencionados em qualquer lado, em qualquer circunstância, não importa o motivo pelo qual foram invocados.
Ambas ligeiramente psicadélicas, profundas e enigmáticas. Pesadas e sombrias no seu significado.
Cativantes e hipnotizantes. E em ambas a voz e a letra de Jim Morrison - um admirador, seguidor e influenciado por Antonin Artaud, Nietzsche, Franz Kafka e Balzac - marca-as profundamente, inculca-as no nosso interior, no nosso profundo eu. Uma é The End e a outra é... Riders on the Storm.