sábado, 9 de fevereiro de 2013

uma música para o fim de semana- Rui Veloso e Luís Represas


Faltava a terceira a vez.
A primeira foi com Expensive Soul, a segunda em parceria com Carlos do Carmo e agora o amigo escolhido por Rui Veloso para tocar com ele para a Esteira neste fim de semana é Luís Represas.

Os três temas são do álbum Rui Veloso e os Amigos, o mais recente trabalho do pai do rock.
Cada vez que escolho Rui Veloso para uma música para o fim de semana, fico na dúvida se é por Rui Veloso ou se é pela letra de Carlos Tê.

Gosto imenso das vozes de Rui Veloso e Luís Represas, já ambos passaram por aqui na Esteira. É um dueto de gigantes.
Mas para hoje e muito provavelmente algures num outro fim de semana, é claramente a letra de Carlos Tê o critério da escolha.
A letra de Má Fortuna é um pouco triste, mas é bonita. É a história de quem carrega um fardo pesado, de alguém que solitário na estrada da vida, carregando uma mochila e a fatalidade nos seus ombros e que com uma caneta, oscilando entre o azar e uma má decisão, vai cantando os seus estados de alma.

Para além das vozes do Rui e do Luís, Rão Kyao mesmo no fim do tema também dá uma perninha. Ou melhor, uma flautinha. E fica muito, muito bem no retrato.


- Má Fortuna -

No cabo de Guardafui
vou guardando bons ventos
tiro a pena da mochila
E assento meus pensamentos.

Às voltas com o seu fadário
um simples soldado raso
tomai lá meu secretário
e guardai bem este meu caso

Só me deu p'ra dizer que não
em tempo de dizer sim
também na mesma moeda
o mundo me paga a mim

Como este cabo tão triste
pedrogoso e sem verdura
assim minha vida existe
marcada p'la desventura

Pergunto à musa porquê
pergunto aos deuses nos céus
todos me dizem que é só
má fortuna e erros meus

Se baixo o amor à taberna
e depois o subo em soneto
ele arde em mim como dois lumes
um é branco e outro é preto

Assim ando estrada fora
como um bardo vagabundo
desisti de ver a hora 
de ficar bem com mundo

No cabo de Guardafui
guardei os meus pensamentos
ponho a mochila às costas
pois já sopram melhores ventos

Como esse cabo que existe
à tristeza condenado
também a má fortuna insiste
em andar sempre ao meu lado

Pergunto à musa porquê
Pergunto a vós que ouvis
também achais que um poeta
só é bom quando infeliz?


Bom fim de semana :)





quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

um felino na casa de um dog lover


Exactamente há um ano, poucos meses depois de o Thor ter partido, entrava pela minha porta dentro e pela primeira vez na minha vida um felino, o Miles.
Assim, em vez de pêlo de cão na carpete tenho agora pêlo de gato na roupa e deixei de ouvir um latir atrás da porta quando a abria para ouvir um miado à janela da minha casa quando ele me vê a chegar.

Passei a ter um gato que quando estou na cozinha impede a utilização do lava louça porque é de lá que ele vê o que se vai passando.
E estou sempre preparado para que de um momento para outro utilize a minha casa para uma corrida de obstáculos com alguns deles a serem derrubados ou como uma pista de aceleração quase sempre descontrolada entre a minha sala e a porta de entrada.
Agora já sei que quando subo as escadas para o meu quarto tenho que ir pela direita, e quando as desço tenho que ir pela esquerda, porque o outro lado é para o felino que passa por mim sempre a correr com a cauda bem ao alto ao mesmo tempo que vai "falando" comigo.

Aprendi que ele vê insectos que nenhum de nós consegue ver, mas que pelo sim pelo não, vai caçá-los e que quando come as bolinhas de ração, estas têm que ser emboscadas com todo o cuidado não vão elas fugir espavoridas quando o pequeno e perigoso felino se aproxima delas para as devorar.
Qualquer lata que eu abra pensa sempre que é para ele e quando não é, ele tem que ter a certeza disso. Quanto a compras, essas, só podem ser arrumadas depois serem verificadas uma a uma.


Fiquei com o Miles estava ele a passar um mau bocado na vida.
Abandonado, com cinco meses, estava exposto ao frio ríspido de Fevereiro a viver numa bomba de gasolina e andar por entre rodas de carros e camiões. Estava muito magro, débil e sofria de coriza severa. Estava quase cego de um olho e tinha uma forte infecção pulmonar.
Recuperou de tudo isso.

Agora com cerca de um ano e meio de vida, o Miles aburguesou-se.
Tem um lombo que mostra que a vida lhe corre bem, que o frio e a fome.já não passam por si. Não precisa de se aquecer por debaixo de carros, entre pneus e tubos de escape e de cheirar o chão há procura de algo que se coma. Há muito que tem a sua própria caixa de cartão forrada com uma pequena manta.
É um gato meigo, de olhos vivos e bem atentos. É extrovertido, travesso, infinitamente curioso e muito irrequieto.

E melhor que tudo isto, anda sempre ao meu lado, tem um motorzinho dentro dele sempre pronto a ronronar e à noite o melhor sítio que ele tem para dormir é a... minha cama.

Para mim que sou um dog lover, ter um felino em casa é muito, muito fixe :))).


P.S - não tenho nenhuma fotografia actualizada do bichano, assim que a tiver aviso ;)