sábado, 23 de setembro de 2017

uma música para o fim de semana - Dengaz ft Seu Jorge


Sem Seu Jorge talvez esta música não fosse escolhida para Uma Música para o Fim de Semana.
Não sou fã de Dengaz e não sou um apreciador confesso de rap ou de hip-hop.
Para Sempre ouve-se facilmente e frequentemente em todas as estações de rádios.
Inicia-se inconfundivelmente com a voz de Seu Jorge a cantar:

Para sempre no meu coração
Nada vai levar você de mim
Vou com você até longe daqui

A voz do brasileiro é extraordinária e o carinho, o calor suave, a pitada de mistério que ela traz a Para Sempre, e finalmente o contraste com a voz de Dengaz, torna esta música super atraente.

E no entanto, ele apenas canta a introdução e o refrão do tema, nada mais. A parte nobre da canção, o seu desenvolvimento, está a cargo de Dengaz.
O arranjo musical é de excelência e a letra está bem conseguida, mas Seu Jorge...

Curiosamente, foi a primeira vez que Seu Jorge colaborou com um músico português.


Bom fim de semana ☺




Para sempre no meu coração
Nada vai levar você de mim
Vou com você até longe daqui

Para sempre no meu coração
Eu só quero ver você sorrir
Até ao dia em que eu sumir

Hoje eu só queria voltar para o teu mundo
Ficar contigo só sentado e mudo
É que às vezes eu estou stressado e burro
Mas é só contigo que eu páro, sou sensato e mudo
E hoje não quero saber de estúdio
Hoje tudo o que me interessa és tu
Mas vou falhar contigo por não ser perfeito
Porque sem ti sei que és tudo o que interessa a comparar com tudo
Agora até guio com mais cuidado
E esses .. já não me deixam irritado
E as canuquinhas na fila para tirar foto fazem-me lembrar de ti e o pai fica todo babado
E perguntaram se eu comprei a caçadeira
Porque ia ter uma princesa, ainda por cima era a primeira
Só se for para atirar para o ar na boa só para avisar que chegou a felicidade mas da mais pura e verdadeira

Para sempre no meu coração
Nada vai levar você de mim
Vou com você até longe daqui

Para sempre no meu coração
Eu só quero ver você sorrir
Até ao dia em que eu sumir

Isto é daquele amor que não tem distância
Só dor no peito, importância e substância
E o engraçado é saber que o que me cansa é dar-te a liberdade para voar e depois vira ansiedade
Dizer-me que é para sempre e tenho que honrar o compromisso
Páro e penso e agradeço à tua mãe por isso
Vai haver momentos em que acreditar vai ser difícil mas tu és linda e por favor nunca duvides disso
Um dia levo-te ao altar, agora não penso nisso porque ainda não é hora
Vou confiar em ti, és tu quem manda na tua vida, mas se ele não te respeitar vou-lhe explicar que tem que saltar fora
Só quero ser bom pai e não te desiludir
Sei que não vai ser fácil, mas se um dia eu não conseguir
Quando não me quiseres para celebrar eu vou sorrir
Quando fracassares não te esqueças que eu estou cá para ti

Para sempre no meu coração
Nada vai levar você de mim
Vou com você até longe daqui

Para sempre no meu coração
Eu só quero ver você sorrir
Até ao dia em que eu sumir

Eu e tu é para sempre
Eu e tu é para sempre
Eu e tu é para sempre
Eu e tu é para sempre
Eu e tu é para sempre

Para sempre no meu coração
Eu só quero ver você sorrir
Até ao dia em que eu sumir


sexta-feira, 22 de setembro de 2017

... e o Outono chegou


É hoje! É hoje!

Caiam as grilhetas.
De tudo! De todos!
Soltem os aromas amarrados!
Cores queimadas, renascei!
Sons amordaçados, libertai-vos! Regressem!
Acordai, sentidos adormecidos e letárgicos!

Rejubilai, cantai!
Dancem porque a música vai regressar
Sosseguemos porque o tempo vai abrandar
Os ribeiros florescerão nos leitos
E cascatas cantarão com fragor
Ninfas e faunos jogarão às escondidas em florestas mágicas

Soem os gongos,
Toquem os sinos,
Recolhei os bobos e chamai os bardos
E que anunciem a todo o mundo:
Ele acordou!
Ele acordou!
É hoje!
É hoje!
O belo Outono chega hoje!

Inkheart







quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Grande Ecrã - Dunkirk


Boçal e quase claustrofóbico. A câmara está quase sempre em cima dos actores e esporadicamente, nas sequência das batalhas aéreas, é que nos é oferecido espaços abertos.

Os diálogos são impessoais, inclusive entre os pilotos aliados, dos Spitfires, ditos como se as personagens estivessem a falar para uma parede, não trazendo valor acrescentado à narrativa. Esta é morna, estática, muito controlada.
Os silêncios são excessivos, quase desesperantes e os olhares, a ferramenta preferida de diálogo de Christopher Nolan com quem vê o seu mais recente trabalho, Dunkirk, falham redondamente.
Os rostos são quase inexpressivos, talvez resignados, e a emoção não reina no grande ecrã.
O enquadramento histórico, tão necessário para um filme que retrata um episódio verídico e famoso da segunda Guerra Mundial, foi completamente ignorado.

Dunkirk, França, relata a história de 400 mil soldados em fuga após a perda da batalha pela França, entalados entre as forças nazis e o oceano, que foram resgatados por barcos civis de toda a forma e feitio.
Deste número inicial, cerca de 340 mil foram evacuados, mas fica a pergunta: E o que aconteceu aos restantes?
O filme também não conta. Parte foi evacuada pela marinha britânica, outra parte foi morta na praia pelos aviões da Luftwaffe.
E porque amontoados e parados que nem patos a boiarem num lago, o exército nazi não os dizimou?  A história diz que Hitler estava desinteressado, preocupado com outras frentes de guerra e não estava com vontade de dispersar meios para uns quantos "falhados".
Se o tivesse feito, garantidamente, a Grã-Bretanha e a Europa estariam a falar a língua de Angela Merkel


A banda sonora de Hans Zimmer é tão brilhante quanto saturante. É omnipresente ao longo do filme. Mas também é ela que faz o trabalho essencial, aquilo que os actores não fazem porque não os deixaram fazer: trazer até nós a emoção e angustia da situação que os soldados encurralados na praia vivem.

O realizador Christopher Nolan fez-me lembrar aqueles putos que ao porem cromos nas cadernetas, o fazem com todo o cuidado de modo a eles ficarem bem certinhos e alinhados.
A caderneta fica muito bonita, vistosa, mas sem piada.
Assim é Dunkirk.






terça-feira, 19 de setembro de 2017

100 anos - genocídio turco sobre o povo arménio (1915 -1917)


Um ano depois do início da primeira guerra mundial, o império Turco-Otomano entra no conflito.
Parte da comunidade arménia da região da Anatólia junta-se aos países que combatiam os otomanos e os otomanos acusa-os de alta traição.
Estava encontrado o pretexto para iniciar um genocídio, que para vários historiadores já teria começado no ano anterior, que se iniciaria em 1915 e veria o seu término em 1917.

A disputa dos números de mortos mantém-se até aos dias de hoje. Do lado turco admite-se 300 mil mortos, o lado arménio defende que morreram milhão e meio de arménios.
Não é só os números de vítimas que estão em causa, a designação também. Para os turcos, o termo que é oficialmente reconhecido será assassinato, talvez um massacre. Mas para quem os verdadeiros nomes são para ser usados, grita o termo Genocídio.

Este ano, o compositor arménio Tigran Mansurian viu editado, seis anos após a sua composição, o seu requiem para celebrar, e também para não deixar esquecer o que aconteceu, a passagem dos cem anos do primeiro genocídio do século XX.
Um século que tristemente viu vários a acontecer.

Um requiem (do latim requies - descanso), é uma missa específica, dedicada aos mortos, aos defuntos.
O de Tigran Mansurian, editado pela etiqueta germânica ECM, é extraordinário.
Delicado, rendilhado, sóbrio, mas muito intenso e elegante.
Tem um pequeno espinho. O segmento Dies Irae, um dos segmentos mais bonitos e emotivos deste requiem, tem cerca de dois minutos e quarenta e cinco, sabem a muito pouco. Se o compositor o tivesse desenvolvido mais...

Comprei-o na semana passada. Grande compra!