Durante as próximas semanas, a Esteira de Letras vai viajar de novo com o seu irmão mais novo Carimba o Passaporte.
Depois da Ásia partem agora para a África.
Do sudeste asiático voam para o norte de África, da descoberta do Império Khmer vão em busca da civilização dos faraós.
Do séc IX de Angkor, a máquina do tempo leva-os para dois mil e quinhentos anos antes de Cristo das pirâmides.
Das margens do Mekong saltam para as margens do Nilo.
O destino está adivinhado certamente, é fácil. É para aqui.
A possibilidade de o governo estar a pensar usar dinheiros públicos para ajudar as empresas a despedir pessoas com o pretexto de criar emprego é no mínimo... tétrico!
Fui ver Inside Job (A verdade da crise) com uma certa expectativa de que iria ver um filme tipo Michael Moore: populista, parcial, sensacionalista e inflamado. Felizmente que o seu realizador, Charles Ferguson, não deixou que tal não acontecesse.
A vantagem é um filme que se torna mais credível, menos político e menos panfletário.
São aproximadamente duas dinâmicas horas de factos, números, entrevistas a economistas, jornalistas e políticos, a falarem de um esquema financeiro que terá custado ao mundo a maior crise de sempre.
Expectavelmente, os principais obreiros recusaram falar para as câmeras. Nomes como Alan Greenspan, Timothy Geitner, Henry Paulson ou os executivos dos bancos como o Golden Sachs, Merril Lynch, Lehman Brothers e da seguradora AIG recusaram serem entrevistados.
A linguagem nem sempre é fácil de entender por alguém não tenha alguns conhecimentos destas áreas, mas a linha de orientação e pensamento é clara ao longo de todo o filme.
Mostrar e documentar que o colapso financeiro de 2008 que atirou milhões de pessoas para o desemprego um pouco por todo o mundo (as primeiras imagens de Inside Job são da Islândia), foi pensada e causada por financeiros desmedidamente gananciosos, desprovidos de moral, movidos e motivados por ganhos de milhões e que ao longo dos anos, foram ganhando estrategicamente posições e capacidade de tomar decisões políticas a seu favor, em sucessivas administrações americanas.
No final do filme, sente-se resignação e impotência. Afinal o crime compensa, e fortemente.
Sai-se com a quase certeza de que mais ano, menos ano, algo de parecido vai voltar a acontecer.
A actual administração de Obama, inacreditavelmente, fez-se rodear exactamente das mesmas pessoas que causaram a crise de 2008.
Vai ser uma questão de tempo até que aconteça outra.