sábado, 23 de abril de 2016

uma música para o fim de semana - Eduardo Cardinho Quinteto


Não é muito vulgar encontrar o vibrafone no jazz, mas é quase uma surpresa total quando o encontramos no jazz nacional.
O vibrafone é uma modificação mais complexa do xilofone. Ambos são instrumentos de percussão. O vibrafone é eléctrico, tem um pedal, como um piano, que permite sustentar e fazer vibrar as notas sempre que desejado.

Tem um som muito característico e reconhecível. É onírico, etéreo, algo espectral. Compararia ao som de uma harpa numa peça de música erudita.

Eduardo Cardinho é um dos muito pouco músicos de jazz que nos consegue mostrar aquilo que o vibrafone consegue fazer.
Sob a alçada da etiqueta Carimbo Porta-Jazz, o quinteto liderado por Eduardo Cardinho lançou o seu primeiro trabalho de jazz - Black Hole - no passado 4 de Abril.
Curioso que sendo o quinteto liderado pelo vibrafone, este tema, Bipolar H, concede pouco espaço, pouco palco sonoro a este instrumento.
Só percebemos o alcance dele quando está praticamente a solo. O resto do tempo deste tema, Eduardo Cardinho está muito diluído, algo perdido.
Após uma longa introdução de quase quatro minutos dominados por um saxofone desinteressante e monótono é que o vibrafone dá um fantástico ar da sua graça, quando está praticamente a solo.
Passados pouco mais de sete minutos, cede o protagonismo a uma guitarra com uma total ausência de carisma.

É uma pena todo este desperdício de tempo em que o melhor, e mais interessante instrumento do quinteto passa despercebido. Fica a saber pouco.


Este quinteto é constituído pelo seu líder, Eduardo Cardinho em vibrafone, o saxofonista, José Soares, a guitarra de Mané Fernandes, o contrabaixista Filipe Louro e Pedro Almiro na bateria.


Bom fim de semana :)





pensamento da semana (no dia mundial do Livro)






sexta-feira, 22 de abril de 2016

dia mundial da Terra



Estamos a destruir, o nosso planeta, a Terra, quando deveríamos pensar nela como uma Deusa.
Amá-la, acarinhá-la, protegê-la.

Estamos a fazer precisamente o contrário. Estamos a magoar, a ferir e destruir, a nossa casa.
Mas estamos a cair num tremendo equivoco. Não estamos a destruir o nosso planeta. A Terra vai encontrar uma forma de cicatrização, de solução para o que lhe estamos a fazer, para as feridas que estamos a infligir-lhe.
Ao longo de mais de seis mil milhões de anos de vida, sempre que a vida esteve por um fio, por se extinguir, e esteve por várias vezes, a Terra sempre encontrou uma solução para a preservar.

Desapareceram umas espécies, ficaram outras. As mais fortes, as mais capazes, as mais merecedoras.
O que nós estamos a fazer é arriscar-nos a ficarmos fora da solução que a Terra irá encontrar para se ajustar ao desequilibro que o Homem está a provocar. Deixar de haver espaço para nós, não sermos viáveis para a nova Terra que estamos a criar
E isso é justo e é merecido.





quinta-feira, 21 de abril de 2016

para sempre Purple Rain


Escrever dois posts no mesmo dia sobre a morte de dois músicos, tão importantes para mim é obra.
Numa altura em que a rivalidade entre Prince e Michael Jackson andava acesa, cedo soube que Michael Jackson nunca chegaria aos calcanhares de Prince. E de facto nunca chegou.

Michael Jackson era o rei da pop, Prince era o rei de tudo. A sua versatilidade musical era imensa. Abraçou e sempre com sucesso inúmeros estilos musicais. Era um guitarrista de excelência, um cantor de elite e um dançarino extraordinário.
Tinha e manteve até ao fim uma aura de mistério, que ainda hoje não se desfez.
Excêntrico, imprevisível, enigmático, polémico.

Depois de David Bowie, a Senhora do Manto Negro leva Prince. Duas lendas partem no mesmo ano e num curto espaço de tempo. A Senhora tem estado muito activa, pelos lados da música.
Mas sinceramente, a perda de Prince é muito mais relevante e dolorosa que a do Camaleão.

Para além da lendária, Purple Rain, Cream é uma das minhas canções preferidas dele e também uma das poucas que se consegue apanhar no Youtube.
Nesta canção, Prince mostra tudo o que escrevi acima: o fantástico músico, dançarino e o cantor que era.
Há uma outra característica que está presente neste vídeo e em vários outros e que atravessava também a sua vida pessoa: a sua lascívia e vida sexual aparentemente indefinida.
Prince gostava de explorar e propositadamente deixar na obscuridade esta sua faceta. É só tomar alguma atenção ao seu símbolo, o Love Symbol.



Nina Simone 13



Faz hoje 13 anos que Nina Simone morreu. Tinha 70 anos
É preciso alguma imaginação para relacionar o seu nome artístico com o verdadeiro, Eunice Kathleen Waymon.

Tal como o seu nome artistico e verdadeiro, e se Nina é universalmente conhecida como cantora jazz e de blues, a sua educação musical de base difere bastante da sua carreira jazzistica, é essencialmente clássica, piano, com uma forte preferência para Beethoven e Brahms.
No entanto, e e tal como acontece frequentemente, este conhecimento dos clássicos, tornar-se-ia fundamental para o seu sucesso musical.
Além do jazz e do blues, Nina faz incursões pelo gospel, soul, folk, e até pelo pop e R&B.
Mais tarde declararia, que nunca gostou do facto de ser conhecida como uma cantora de jazz, mas sim de folk. Estilo com que sempre se identificou e que fez com que estivesse quase sempre presente nas suas actuações.

É fácil adjectivar a voz de Nina Simone e pode-se utilizar muitos para a caracterizar.
Na sua voz encontro, doçura, suavidade, sensualidade, uma certa tristeza e nostalgia. O seu registo é preciso, controlado. Educado. Mas tem uma magia incomparável na sua voz, um efeito hipnotizante que nos agarra e faz-nos esquecer o que se passa lá fora.

Um dos temas porta estandarte de Nina seria usado num comercial do perfume Chanel Nº5. o My Baby just Cares for Me.

A fase final da vida de Nina seria dolorosa. Enfrentaria a depressão, a bipolaridade, historial de violência doméstica do seu marido e manager Andrew Stroud e morreria aos 70 anos com cnacro da mama.

Escolher a minha canção preferida de Simone é difícil. São muitas. Inevitavelmente o My Baby Just Cares for Me, mas também Here Comes the Sun, Sinnerman, I Put a Spell on You, Don´t Let Me Be Misunderstood.

Como parece que o sol vai assumir o domínio dos céus no próximo fim de semana, aqui vai o Here Comes the Sun. Cujo original pertence aos Beatles - aqui - mas que Nina Simone, "rouba" o tema para o tornar seu.
E é maravilhoso ouvido por ela.






segunda-feira, 18 de abril de 2016