Quando a semana passada coloquei A Marcha dos Desalinhadas dos Resistência, decidi logo que para esta semana iria colocar uma música dos Rio Grande.
À semelhança dos Resistência, Rio Grande é outro grande projecto que reuniu grande nomes da música nacional constituído por músicos oriundos de diversas bandas portuguesas: Rui Veloso, Tim, Jorge Palma, João Gil, João Monge e Vitorino.
A Fisga é o primeiro tema do álbum homónimo do grupo. Foi uma escolha fácil.
Sempre me atraiu o dilema que este jovem estudante enfrenta e a ajuda que pede ao seu mestre-escola.
O dilema entre a liberdade, os horizontes rasgados, a imaginação e o espírito livre simbolizado na fisga, ou o caderno dos deveres que encerra em si as obrigações, a clausura dos gabinetes mesmo quando ironicamente são chamados "open spaces", o pensamento formatado e as regras e obrigações que têm de ser cumpridas.
Não sei que conselho o mestre-escola terá dado ao jovem. Mas para o bem dele espero que tenha sido a correcta.
Caso contrário, um dia mais tarde estará numa reunião com um acta à sua frente a pensar numa fisga.
Nunca fui muito adepto do Capitão América.
Sempre o considerei excessivamente americanizado e afectado daquele patriotismo excessivo tão típico deste país.
Percebe-se melhor se o contextualizarmos historicamente.
Anos 40, segunda guerra mundial e posterior guerra fria, envolvência dos americanos no esforço de guerra e a propaganda americana do tipo "eles são maus, nós somos bons e alista-te porque te tornas um herói aos olhos da nossa pátria."
Mas mesmo assim continuo a não gostar do Capitão América.
Fui ver o Capitão América pelos capítulos anteriores que já tinha visto: Iron Man (I e II) e Thor. Estes filmes são também eles os capítulos conducentes ao filme que irá aglutinar todos estes heróis Marvel e mais uns quantos: The Avengers - Os Vingadores.
Portanto já não esperava grande coisa. Efeitos especiais razoavelmente interessantes - sem dúvida ver Chris Evans raquítico e encolhido em versão xs é o melhor que o filme tem para oferecer.
Outro momento bem conseguido do filme e dos poucos de Chris Evans, é a exposição ao ridículo que Capitão América é exposto quando entra em tournée num espectáculo, muito bem conseguido, de propaganda norte-americana. Sim, ele aparece em collants.
Como filme de acção, o experiente Joe Johnston cumpre os mínimos. Mas a narrativa é previsível, os diálogos não são propriamente os mais interessantes e como expectável os actores também não têm margem para se exibirem ao seu melhor.
Chris Evans (Capitão América) é igual a si próprio. Para quem viu os Quartetos Fantásticos sabe o que me refiro. Não consegue imprimir força e intensidade ao seu papel. Falta-lhe proximidade com quem o vê.
O usualmente interessante Hugo Weaving, falha redondamente e é caricatural no Caveira Vermelha, o mauzão do filme.
Com uma caveira vermelha de aspecto plastificada (a máscara que Jim Carrey usou em A Máscara de 1994 é mais atraente e bem desenhada) e a levantar os dois braços numa espécie de saudação dupla nazi é impossível levá-lo a sério.
Melhor que a média do filme está Tommy Lee Jones que compõe o coronel Chester Phillips, uma personagem cáustica e mal-humorada.
Quanto ao final, enfim, se não formos muito exigentes conseguimos viver com ele.
Se resumirmos Capitão América a um filme "domingueiro" ele serve, mas não augura nada de bom para Os Vingadores que estreará para o próximo ano.
De notar que Américo Amorim é o homem mais rico de Portugal com uma fortuna avaliada em 2.6 mil milhões de euros.
Além que não está disposto a pagar um imposto extraordinário sobre grandes fortunas.