Quando soube que havia a intenção de Barack Obama receber o líder espiritual do mundo budista e de milhares de tibetanos, Dalai Lama, fiquei na expectativa. Na expectativa do que a China iria fazer e o que o Obama iria responder.
A China foi igual a ela própria: tentar impedir que os EUA recebessem o Dalai Lama (Nobel da Paz em 1989) e ameaçar diplomaticamente caso estes insistissem em fazê-lo. Quanto ao presidente dos EUA, fez felizmente aquilo que eu pensava e desejava que fizesse, manifestou a vontade de o continuar a receber. Eu fui daqueles que considerou (e ainda considero) que Obama não deveria ter recebido o Nobel da Paz, mas neste momento, (e até ver...) ao não ceder perante a chantagem diplomática da China, Obama fez diminuir uns quantos pontos o meu cepticismo relativamente à sua "nobelização".
O povo tibetano continua sob forte repressão chinesa que aposta na destruição cultural e étnica deste país.
É um povo silenciado, sem direito a aquilo que sempre foi (e é) seu historicamente: a sua independência, modo de vida e cultura.
O mundo ocidental está curvado perante o poder económico que a China tem e as oportunidades de mercado que este país oferece. É claramente uma potência mundial emergente, é um dos países com maior crescimento em todos os índices económicos. O ocidente submete-se à China e às suas oportunidades de mercado mostrando a sua conivência e cumplicidade através do seu silêncio e mantendo os olhos fechados (semicerrados na melhor das hipóteses) ao que se passa no Tibete.
Obama se se mantiver firme na sua intenção de receber esta figura histórica tibetana, mesmo sabendo que a China representa e tem as mesmas (ou talvez maiores) oportunidades de crescimento para os EUA (ocidentais e capitalistas por definição) o mesmo que para o restante mundo ocidental, contribua para que esta passividade ocidental dê os primeiros passos no sentido contrário.
Ao fim e ao cabo como Nobel da Paz é o que se espera dele. Um exemplo. Sejamos optimistas.
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
I see you
Sai-se da sala sabendo (mas desejando) que o mundo lá fora não é tão puro, belo e colorido como aquele que nos foi dado a ver durante quase 3 horas.
Avatar transporta-nos para uma irrealidade tão real, tão sublime que faz desejar não sair de lá.
Os seus esguios habitantes, azuis de olhos amarelos, o povo Na'vi, vivem numa comunhão perfeita com a natureza e de respeito pela vida. E somo nós, os humanos, os maus da fita.
Tal como o nosso planeta Terra, em Avatar, os seres humanos planeiam a destruição e o "dobrar" de uma comunidade em torno da ganância e necessidade de um minério (unobtainium) que se vende aos milhões de dólares cada quilo.
As semelhanças e o paralelismo desta situação é fácil de traçar com a guerras do Golfo Pérsico e Iraque, só que aqui, em vez de unobtainium trata-se de petróleo.
À ganância de Parker Selfridge o executivo financeiro que está por detrás da intenção de saquear o minério de Pandora podemos contrapor Bush sequioso do petróleo do Golfo.
A mensagem e a crítica patente em Avatar (e de James Cameron) é simples e fácil de entender.
Acredito que este filme, tal como a saga Star Wars, se torne um marco na história do cinema.
Para além do histórico custo de 300 milhões de dólares e ainda mais históricas receitas que está a gerar, é muito difícil ficar-se indiferente à magia e perfeição de Pandora.
Penso que todos nós almejamos viver num mundo assim, mas tal como em Pandora, aqui na Terra somos os maus da fita.
O que o dicionário diz sobre "avatar":
religião - materialização de um ser divino, descida dos céus de uma divindade
sentido figurado - transformação; metamorfose
informática - representação gráfica de um utilizador numa comunidade virtual
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