sábado, 26 de novembro de 2022

uma música para o fim de semana - Da Cabeça aos Pés (Rita Borba)


Ouvi falar pela primeira vez de Rita Borba quando andava às compras para o Natal na Fnac do Norte Shopping logo no primeiro fim de semana de Novembro. Gosto de andar à frente de toda a gente e estar sossegado em casa quando se torna impossível estacionar e andar nos centros comerciais.

Estava mergulhado nas prateleiras dos livros quando ouço uma voz feminina a cantar. Inicialmente ignorei. Foi quando passei às prateleiras dos cds que a voz se tornou mais próxima de mim e fez despertar a minha curiosidade.

Cantava ao vivo - não em playback, algo que considero absolutamente desonesto - meio sentada num banco alto. Estava sozinha, os instrumentos estavam gravados, o que é pena. Ouvir os instrumentos ao vivo é tão importante quanto a voz. 
Rita tem uma voz doce e aconchegante. Faz-nos sentir em casa onde quer que estejamos. Os primeiros dois minutos fizeram-me a recordar a Luísa Sobral mas rapidamente afastei a comparação. Menos aguda, mais onírica e bem mais envolvente. Mais apta cantar para adultos. 
As letras são orelhudas em tom de pop simples e directo com música a condizer: tranquila e serena. 

A açoriana, com origens na Ilha Terceira, apresentava o seu disco de estreia, Lá Fora, lançado em Junho deste ano. O tema que dá título ao álbum é cantado em dueto com Pedro Troia que penso que não traz mais valia a Rita. Vale por ela própria.
A música para este fim de semana chama-se Da Cabeça aos Pés e ilustra na perfeição o que é o primeiro álbum de Rita Borba.


Bom fim de semana 😉🎵





Não me venhas com mentiras 
Golpes baixos ou intrigas 
Que eu não vou estar a ouvir 

Não assoles os meus passos 
Olha que o caminho é estreito 
E não te vais ficar a rir 

Confronto a tua voz 
Pergunto e nós 
Espetas-me no peito 
Um não sem preceito 

Espero por ti assim 
Por seres quem és 
Da cabeça aos pés 

Não acatas uma injúria 
Minha infâmia passa a tua 
Será que não consegues ver? 

Passa uma, passam duas 
Passa o mundo inteiro em prosa 
E tu és vírgula airosa 

Troco o meu passo e passo por ele 
Arrepia-se a pele 
Dou-lhe o meu melhor abraço 
E sussurro ao ouvido dele 

Digo coisas que nunca 
Iria dizer em voz alta 
Esqueço as horas 
Se é noite ou dia









sexta-feira, 25 de novembro de 2022

Wild


Garanto que se algo de mal acontecesse ao gecko, esta curta não estaria aqui.
Gosto mesmo destes bichinhos e já dormi em vários quartos por esse mundo fora na companhia deles.

Como não podia deixar de ser, é uma curta adorável. Como eles 😉















quarta-feira, 23 de novembro de 2022

um poema de... Alberto Caeiro


Sempre admirável, sempre profundo, sempre bucólico e muito mais metafísico do que aparenta e do que paradoxalmente afirma no primeiro verso do poema 5 do Guardador de Rebanhos.
Eis o meu poeta/ heterónimo preferido de Fernando Pessoa: Alberto Caeiro.


XXI

Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe um paladar,
E se a terra fosse uma coisa para trincar
Seria mais feliz um momento...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...

Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva...

O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja...

Alberto Caeiro, Guardador de Rebanhos







terça-feira, 22 de novembro de 2022