quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

memórias - Vitinho

Para quem já "googlou" no google.pt hoje reparou certamente que se comemoram neste dia os 25 anos do Vitinho. Uma personagem criada para a Milupa por José Maria Pimentel.

Durante os dez anos em que passou em horário nobre na televisão, o Vitinho conseguiu mandar mais pequenada para a cama a sorrir que qualquer pai ou mãe extremosa.

O Vitinho representa igualmente um tempo de joelhos esfolados, andar de bicicleta com amigos, tocar campainhas de porta e fugir, jogar à bola com balizas de pedra na rua.
Não havia pedófilos, bullying, mochilas pesadas ou telemóveis na escola.
Era fácil ser puto nesses dias.

As várias vozes - Dulce Neves, Isabel Campelo, Paulo de Carvalho e Eugénia Melo e Castro - que cantaram as várias canções do Vitinho com músicas de José Calvário, eram sempre suaves e doces e mantêm-se ainda hoje no nosso imaginário.

Bem, quanto à letra escrita por José Mendes Martins, ela é... deliciosa. :)

Aqui vai ele...



...e aqui vai ela.

Está na hora da caminha
Vamos lá dormir
Vê lá fora, as estrelas
Dormem a sorrir

E amanhã cedinho, bem cedinho
Tu vais ver
Acordas mais forte e mais esperto,
Isso é crescer

Boa noite
Mãe: boa noite, dorme bem
Pai: vá lá Vitinho, toca a dormir
Mãe: até manhã um beijinho

Sonhos lindos
Adeus e até amanhã!


domingo, 30 de janeiro de 2011

Grande Ecrã - Hereafter (Outra Vida)

Esperava mais do realizador de Million Dolar Baby (Sonhos Vencidos) e especialmente dessa pérola do cinema que é Gran Torino.
Clint Eastwood com Hereafter (Outra Vida) deixa-nos um pouco frustrados e à espera de bastante mais e acima de tudo melhor.

Neste filme é abordado uma temática que naturalmente interessa a todos nós: existe ou não vida após morte?
O filme baseia-se na vida de três personagens distintas que vão caminhando paralelamente para depois se encontrarem no fim.

Em comum elas têm a experiência da morte ou da quase morte.
Marie Lelay (Cécile de France), uma jornalista francesa que experimenta a morte num tsunami no sudeste-asiático, Marcus (Frankie Mclaren) que quando o seu irmão gémeo Jason (George Mclaren) morre deseja quer entrar em contacto com ele e George Lonegan (Matt Damon) tornado um médium após um problema de saúde na infância e que lhe torna a vida um inferno.

Infelizmente, Clint Eastwood não liga como um todo coerente estas histórias. No final, o encontro destas personagens/ histórias não traz valor acrescentado ao filme nem conduz a uma conclusão clara do mesmo.
Perante o potencial de riqueza desta tema Clint Eastwood falha. Falha por duas razões. A primeira porque tem um argumento fraco entre mãos e a segunda porque faz uma realização maçadora e mastigada que não cativa quem vê este filme.

Recorre a lugares comuns, como os túneis de luz branca e figuras difusas quando pretende ilustrar a experiência da morte.
Não propõe novas reflexões ou abordagens à temática, não nos faz pensar ou meditar no que vimos e não desperta emoções, o que seria o mais fácil e óbvio.
Apenas tem o cuidado de mostrar que existe muita charlatanice quando se fala e aborda estes temas.
O que vindo de um realizador já com 80 anos é uma pena.
É uma oportunidade perdida de mostrar o que pensa um realizador de topo, de grande sensibilidade e que já tem a morte num horizonte temporal potencialmente próximo.