É o seu terceiro trabalho e comprei-o na semana passada. A minha sugestão de uma música para o fim de semana vem dele.
É a primeira vez que Júlio Resende se apresenta no formato mais clássico do jazz. Um trio composto por um piano, contrabaixo e bateria.
Os trios (clássicos ou não) têm a grande vantagem de se perceber muito bem e facilmente o papel que cada um músicos/ instrumentos desempenham numa determinada composição, como se harmonizam e como eles dialogam entre si.
Escolhi o tema que dá o nome ao álbum por dois motivos. O primeiro (e óbvio) por gostar muito dele. Tem um toque de poesia, de encantamento e ritmo que o torna fácil de gostar dele. Os instrumentos têm o seu espaço próprio e relacionam-se elegantemente e alegremente.
E segundo porque recorre a uma figura de estilo que na literatura - mas que também pode ser uma condição neurológica - se chama sinestesia.
Consiste em cruzar, associar ao mesmo tempo e na mesma frase, sentidos diferentes.
É ouvir uma campainha que toca a amarelo, ler em voz alta um som grave e quadrado, pegar num livro que sabe a torta de amêndoa ou como o título do tema sugere You Taste Like a Song - tu sabes como uma canção.
Será que se pode saborear musicalmente uma pessoa? E como será e saberá? A uma balada? Ou a uma banda metaleira pesada e agressiva? Poderá saber a um violino?
E o seu sabor musical será sempre constante ou dependerá dos momentos? Será que uma pessoa pode saber a duas canções em simultâneo? Talvez a um álbum inteiro?
Para acabar e sobre este fim de semana ocorre-me escrever que vão ser dois dias cheios de sol quadrado em sons de Júlio Resende de sabor a vermelho intenso com algumas pinceladas de ventos agridoces em tons aveludados de laranja perfumados a rosmaninho.
Bom fim de semana ;)