sexta-feira, 30 de abril de 2010

a voracidade dos ratings

As agências de rating (ou de notação), estão a minar a Europa e a zona euro. Preocupa-me a atitude alemã ao atrasar a desejada e necessária rapidez na ajuda financeira à Grécia.
 Não é que não tenha razão nas suas reticências e exigências que coloca, mas o facto é que a própria Alemanha está a ver a sua dívida pública a aumentar e não estará livre de se tornar um alvo para as famigeradas agências de notação.


Ultimamente a Standard and Poor's (S/P), uma dessas agências, tem-se mostrado particularmente voraz. Em poucos dias baixou o rating da Grécia para o mínimo histórico (BB+) e da Zona Euro, baixou dois níveis o rating de Portugal (A+ para A-) e agora diminui em um nível o rating espanhol (AA+ para AA).

Esta escala vai de AAA (também conhecido no meio por triple A) até D (Default).
No primeiro caso o risco de incumprimento é praticamente nulo e o segundo representa a incapacidade de pagamento de dívidas. Por sua vez esta escala é sub graduada em classificações diferenciadoras de + e -.

Há quem questione qual a credibilidade das avaliações que estas agências realizam e de que maneiras elas são supervisionadas. 
A S/P é bem conhecida por ter atribuído o rating AAA+ à Islândia dois dias antes de este país ter declarado ao mundo a sua bancarrota.
Outra clamorosa falha foi da agência Fitch Ratings que após ter classificado positivamente o Lehman Brothers, um dos maiores bancos de investimento dos EUA, este faliu um mês depois.

Está a generalizar-se a ideia que neste momento já não são só estes três países que estão debaixo de ataque. Especula-se que a Irlanda poderá ir pelo mesmo caminho. Mas é a própria Europa, a sua coesão, a moeda única e respectiva credibilidade que estão em jogo. 
Daí não perceber o motivo das reticências alemãs, apesar de Angela Merkel (re)afirmar que é necessário agir com rapidez, mesmo sabendo o custo que isso poderá ter no controlo da sua própria dívida.
Eventualmente terá atirado mais umas achas para fogueira ao declarar que a adesão ao euro por parte da Grécia terá sido um erro, uma vez que foi baseada em pressupostos económicos errados.

Apesar de ser um dos países com economia mais frágil, Portugal dá o exemplo. Tudo aponta para que ajude a Grécia em cerca de 770 milhões de euros. 
A solidariedade europeia tal como a famosa e eficaz solidariedade nórdica tem que funcionar. Para bem da Europa, agora é a altura certa para inequivocamente o mostrar.
Depois, acertam-se as contas...


Uma (triste) nota

O conjunto de países que mencionei no texto e que estão sob alvo das agências de notação são conhecidos no meio e pelos jornalistas por "PIGS" (porcos) - Portugal, Italy, Greece and Spain - ou seja os países de economia mais fraca da Europa e logo os mais susceptíveis a ataques especulativos.
Originalmente foi a Itália a entrar na sigla, mas recentemente foi acrescentado um segundo I  - Irlanda - o que passa para PIIGS. Mas o vulgar é assumir um só I, o de Irlanda por troca com Itália.

Em tom meio a brincar meio a sério fala-se agora numa evolução a esta sigla. Surge uma nova onde infelizmente, e de novo Portugal está incluído, a sigla "STUPID" (estúpidos) - Spain, Turkey, United Kingdom, Portugal, Italy and Dubai.
Ou seja, são os países que seriam arrastados por efeito dominó em caso de falência da Grécia.

Dada a deselegância que o uso destas siglas comporta, algumas publicações de carácter económico proibiram o seu uso.



Fotografia de topo (fonte Google Imagens)
Wall Street, talvez a rua de carácter financeiro mais conhecida do mundo e onde estão as principais agências de notação.

Fotografia de fundo (fonte Google Imagens)
Angela Merkel - Chanceler da Alemanha

segunda-feira, 26 de abril de 2010

desperdício no Reino Unido

Humor britânico

Ontem veio noticiado no Público este artigo com o título "Gaffe do Foreign Office obriga Londres a pedir desculpas ao Vaticano".

Segundo este artigo, um grupo de jovens funcionários realizou um brainstorming para preparar a visita que o Papa irá realizar brevemente ao Reino Unido prevista para Setembro.
O resultado foi um memorando que circulou pelo ministério dos Negócios Estrangeiros, onde recomendava ao Papa que criasse uma marca de preservativos (Benedict), abençoasse um casamento homossexual, inaugurasse uma linha SOS para crianças e uma clínica de aborto.
O ministro dos Negócios Estrangeiros David Miliband declarou-se horrorizado e chocado. "Muitas das ideias do documento são claramente insensatas, ingénuas e desrespeitosas", segundo o porta voz oficial.
O funcionário responsável por este memorando foi transferido.

Errado!!! Todas as ideias são bem sensatas. Transferido ??? Que desperdício!
É claramente um caso de funcionários esclarecidos, com espírito de iniciativa e não alinhados com o rebanho.
Exactamente o que não existe em Portugal.



Banner que está a ser usado para ilustrar o descontentamento que a visita papal está a levantar no Reino Unido.