Gosto do conceito de world music. Em sentido lato é toda a música que não é categorizável segundo uma classificação, rock, pop, clássica, jazz, blues, por aí fora.
Assim world music, é uma música com sonoridades diferentes, escalas, timbres de vozes diferentes. Tem uma forte componente étnica, frequentemente afastada da cultura ocidental.
Está ainda associada ao conceito de fusão, música que une culturas e musicalidades de origens distintas.
Na mesma filosofia e por extensão à world music, existe o world jazz.
Stan Getz é conhecido por ter ajudado a nascer a bossa nova, jazz ao som do samba, Django Reinhardt por ter unido os sons ciganos ao mundo do jazz, Ravi Shankar por ter trazido as distintas sonoridades da cítara indiana e Jan Garbarek por divulgar os sons e folclores nórdicos por intermédio do seus saxofones e flautas.
O alaúde do tunisino Anoaur Brahem junta-se a este grupo. Em Thimar, as paisagens, os sons quentes do médio oriente e os mistérios do norte de África estão na ponta dos seus dedos.
A sua música é expressiva, muito contemplativa e carrega em si muito dos fascínios que habitualmente as culturas árabes encerram.
Dois grande nomes do jazz mundial acompanham Anouar Brahem nesta viagem, o contrabaixista Dave Holland e o saxofonista John Surman
Sempre que o saxofone ou o clarinete baixo de Surman se fazem ouvir ou entram em diálogo com o alaúde, algo de muito especial acontece. É o diálogo perfeito entre dois instrumentos que representando excelentemente as diferenças culturais do ocidente e do médio oriente acabam por se desvanecer e tornam-se uma única, a da música universal.
Waqt, a quinta faixa do álbum e que significa tempo em árabe, é inteiramente tocada por John Surman. Lenta e arrastada como uma oração lançada ao ar numa noite estrelada. Um solo sublime.
E se quisermos brincar com os significados das faixas diria que a segunda, Kashf, cujo significado pode ser intuição como pode ser descoberta do que não se conhece, do que não se viu, é o termo certo para se entrar no mundo encantado de Anouar Brahem.
A faixa que abre Thimar é Badhra, cuja tradução do árabe é lua cheia, demonstra bem todo o espírito evocativo que este mestre do alaúde colocou no seu trabalho e que é tão bem secundado pelos seus companheiros de trio.
A propósito, Thimar significa fruta.
É muito melodioso...muito bonito...leva-nos, de fato, a viajar pelas areias quentes, pelas "...paisagens, os sons quentes do médio oriente e os mistérios do norte de África", é quente e muito envolvente...
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