sábado, 30 de dezembro de 2023

uma música para o fim de semana - Leve Palestina (Kofia)


Para fechar o ano de 2023, não podia ser outro tema que não aquele que mais se ouve nas redes sociais: Leve Palestina.
É surpreendente que este tema tenha surgido pela primeira vez, há quase cinquenta anos, em 1976. O álbum chama-se Palestina mitt Land (Palestina, meu País).

Igualmente surpreendente que a canção que se tornou um hino à resistência da Palestina à hedionda e assassina ocupação israelita, tenha tido origem não no país que celebra, mas sim na Suécia, na cidade Gotemburgo. 
A canção foi composta por uma banda sueca de nome Kofia, liderada por George Totari, um activista pró Palestina.

O vídeo abaixo, mostra um grupo de resistentes palestinianos a dançarem Dabke. Uma dança tradicional da cultura do Médio Oriente. É dançada na Palestina, Síria, Líbano e Jordânia.
A letra está traduzida para inglês.

Bom fim de semana, bom e (tão pouco provável) pacífico Ano Novo de 2024 🎉🥂🎵🏳️
 




Long live Palestine! 
Crush Zionism! 

And we have tilled the earth 
And we have reaped the wheat 
And we have picked the lemons 
And pressed the olives 
And the whole world knows our land 

Long live Palestine! 
Crush Zionism! 

And we have thrown rocks on 
Soldiers and policemen 
And we have fired rockets 
Against our enemies 
And the whole world knows our struggle 

Long live Palestine! Crush Zionism!

And we will free our land 
From imperialism 
And we will rebuild our land 
For socialism 
And the whole world will witness 

Long live Palestine! 
Crush Zionism!





quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

não é surpresa para ninguém


E Israel está a fazer um excelente trabalho em prol do Hamas.

Cada vez que uma criança fica órfã, uma família perde os seus membros, a sua casa, é obrigada a ser deslocada para zonas supostamente seguras e depois é bombardeada nessas mesmas zonas. 
É retirada à retirada população, água, alimentação, os seus hospitais sistematicamente destruídos, sem medicamentos, torturar civis, a prender crianças sem qualquer tipo fundamento e snipers a divertirem-se a matar inocentes, são elementos, centenas deles, angariados para o Hamas. 
Isto para além de sete décadas e meia de matanças e massacres, abusos, ocupação de terras e casas, desrespeito básico pelos direitos humanos.












sábado, 23 de dezembro de 2023

uma música para o fim de semana (na véspera de natal) - Christmas Time is Here (Vince Guaraldi)


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Estou longe de ser um admirador de canções de Natal apesar de gostar de uma ou duas canções. Nomeadamente Little Drummer Boy e Silent Night.

Mas nada como o jazz para criar as melhores melodias de Natal. Jazz e Natal são duas palavras que usualmente se fundem num pianista norte-americano chamado Vince Guaraldi.
O álbum chama-se A Charlie Brown Christmas e foi lançado há 58 anos, em Dezembro de 1965

O álbum tem o mesmo nome de uma banda desenhada, bem famosa para todos os nós, chamada Peanuts criada por Charles Schulz
Sendo uma das personagens principais, e bem querida, chamada Charlie Brown com o inseparável e não menos famoso beagle Snoopy.







sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

entra o Sr Inverno (solstício de inverno)


Para o muitos é a estação que fecha o ciclo, a estação que precede a abundância e a prosperidade.
Pessoalmente, depois do Outono, é a estação mais bonita do ano. 
É a antecâmara para a entrada a metade do ano, (Primavera e Verão) particularmente difíceis para mim: excesso de luz, de sol, calor, exuberância, inquietação, para as conversas vazias de significado, pessoas e mais pessoas em todo o lado.

O entrar do Inverno, significa que entro nos últimos três meses de paz, sossego, da tranquilidade, do silêncio, da chuva que cai, do conforto dos polares e dos cangurus, do vento que tanto nos acaricia como nos pode fazer desiquilibrar, das corridinhas para fugir à chuva, da predisposição para a leitura, para a música.












terça-feira, 19 de dezembro de 2023

post número...


O que me surpreende não é o número de posts, mas sim o tempo que foi necessário para chegar até aqui: 14 anos.
E de novo, não é por ter demorado 14 anos a atingir os 3000 posts, é por o blog já existir há mais de 14 anos.
Absolutamente surpreendente.

Os primeiros 1000 aqui, a 26 de Dezembro de 2014.










domingo, 10 de dezembro de 2023

(o inútil) dia internacional da declaração universal dos direitos humanos


Hoje a declaração Universal do Direitos Humanos, com trinta artigos, faz hoje 75 anos. Foi um documento adoptado pelas Nações Unidas em 10 de Dezembro de 1948.
Curiosamente, ou não, no mesmo ano em que poucos meses antes, em Maio os israelitas massacravam cerca de 15000 palestinianos e deslocavam, através da fuga, mais de 750 mil palestinianos das suas terras e país natal, para nunca mais voltarem.

Passados 75 anos após estes dois eventos, ao dia de hoje, Israel sob o pretexto de uma guerra contra o Hamas, desde o dia 7 de Outubro, pôs em curso um genocídio contra o povo palestiniano
Entre mortos, e desaparecidos por entres os escombros, estima-se que cerca de vinte mil palestinianos, incluindo mais de 7 mil criança, tenham sido assassinados. E mais de milhão foram obrigados, forçados, a deslocarem-se dentro do seu próprio território para zonas consideradas seguras para depois os genocidas israelitas, covardemente e abjectamente bombardearem essas mesmas zonas.

Passados 75 anos após estes dois eventos, e ao dia de hoje, quer a ONU, quer a declaração Universal dos Direitos Humanos valem zero.
Pelo menos (e não só) para o povo palestiniano.













o veto genocida dos EUA

Erro em erro até à derrota final.
EUA continuam a suportar, a apoiar e a financiar o genocídio da Palestina debaixo das abjectas negras patas israelitas.
O veto do ao cessar-fogo votado no conselho de segurança na passada sexta-feira, isolou, ainda mais os EUA na comunidade internacional. Torna-os, ainda mais, cúmplices e responsáveis pelo crime contra humanidade que está decorrer na Palestina à frente do nossos olhos.
O Reino Unido refugiou-se cobardemente na abstenção.

A chacina irá continuar, o mundo continuará a vê-la diariamente nas televisões e redes sociais, por muito que estas a censurem, e não se esquecerá que o Biden e companhia permitiram mais uma vez que o genocídio prossiga.
Quem semeia ventos colhe tempestades. Os EUA cada vez mais serão o alvo dos países árabes e a Europa se não se cuidar, acabará tão cínica e patética quanto eles. Que aliás é um caminho que já começou a trilhar. É só ouvir as declarações de patetas como Ursula von der Leyen, Emmanuel Macron, Olaf Scholz, Rishi Sunak e o béu béu de todos eles, Josep Borrell.

A minha admiração, a António Guterres, secretário geral das Nações Unidas, que claramente é o mais esclarecido e que mais coragem demonstra ter em enfrentar os assassinos israelitas e a correspondente corja norte-americana.











sábado, 2 de dezembro de 2023

uma música para o fim de semana - Pode-se Escrever (um poema de Pedro Oom)


A sugestão de "uma música para o fim de semana" é algo de muito pouco usual: a declamação de um poema, musicado mas ainda assim de não da forma que estamos habituados.

Este poema de Pedro Oom, Pode-se Escrever, atrai-me particularmente. Ao lê-lo a palavra imediata que mentalmente se forma é rebelião.
Mas ao contrário do que se diz que devemos confiar nas primeiras impressões, ou no nosso instinto, rapidamente recuo nesta palavra.
Penso depois numa outra: alternativa. Fazer algo mas de maneiras de diferentes, novas possibilidades, contornar regras, mantendo-as no entanto.
Entretanto surge a terceira palavra e de novo se diz que à terceira é de vez: liberdade.
O poema Liberdade de Fernando Pessoa, quando afirma que "

"Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma."

Pedro Oom que morreu, ataque cardíaco, no dia a seguir à conquista da liberdade, tem neste seu poema a inquietação da liberdade. 
Façamos as coisas, mas com a liberdade de as fazermos como as quisermos.
Escrevamos ou não escrevamos, mesmo que sem caneta, ou saber como, o façamos.


Bom fim de semana 😉





Pode-se escrever

Pode-se escrever sem ortografia
Pode-se escrever sem sintaxe
Pode-se escrever sem português
Pode-se escrever numa língua sem saber essa língua
Pode-se escrever sem saber escrever
Pode-se pegar numa caneta sem haver escrita
Pode-se pegar na escrita sem haver caneta
Pode-se pegar na caneta sem haver caneta
Pode-se escrever sem caneta
Pode-se sem caneta escrever caneta
Pode-se sem escrever escrever plume
Pode-se escrever sem escrever
Pode-se escrever sem sabermos nada
Pode-se escrever nada sem sabermos
Pode-se escrever sabermos sem nada
Pode-se escrever nada
Pode-se escrever com nada
Pode-se escrever sem nada
Pode-se não escrever


Pedro Oom, in "actuação escrita" &etc (1980)




quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Greenwashing (COP28) começa hoje



Se há COPs despudoradas e cínicas, a deste ano, a COP28, deve ser a maior de todas. E a mais inútil, também.
Realiza-se nos Emirados Árabes Unidos. Começa hoje, 30 Novembro e vai até 12 de Dezembro, na provavelmente cidade mais insustentável do mundo (a par de Las Vegas), o Dubai.

Uma cidade louca, esbanjadora de recursos naturais, humanos e fianceiros, criada para florescer em pleno deserto. Um país, uma cidade, uma sociedade, cuja inesgotável riqueza provém da venda de combustíveis fósseis, o petróleo. Não fosse este e não havia nada.
Temos portanto um dos maiores produtores do mundo de petróleo, uma gigantesca petroeconomia, a querer mostrar, convencer o mundo, já de si pouco dado a ser convencido, que este se deve converter à energia verde, às renováveis, a menores emissões gases poluentes com origem nos combustíveis fósseis.

E se os grandes consumidores e produtores de petróleo estão todos juntos num país destes? Quem fica a ganhar? Todos!! E quem fica a perder? Pois, o planeta.
O que todos nós esquecemos, melhor, queremos esquecer, é que quando o planeta perde, todos, mas todos, perdem!!

Vai uma curiosidade, uma... coincidência? 
O presidente da COP28 é o Sultan Ahmed al Jaber, que além de ser o ministro da indústria dos EAU, é também o responsável máximo da Abu Dhabi National Oil Company (ADNOC), que por sua vez também é um dos maiores produtores mundiais de petróleo
Está a ser acusado de ter por verdadeiro objectivo, realizar negócios envolvendo prospecção e exploração de petróleo e gás natural.

Tem tudo para dar certo esta cimeira mundial para o clima e alterações climáticas. Bem, tal como todas as anteriores...










quarta-feira, 22 de novembro de 2023

A verdadeira pergunta é: como não condenar Israel?


Condeno a Nakba, condeno a Nakba 2 que está actualmente a ocorrer, condeno o massacre de Sabra e Shatila de 3500 palestinianos, paquistaneses e libaneses entre 16 e 18 de Setembro de 1982, em Beirute, Líbano, por acólitos israelitas.

Condeno 75 anos de casas destruídas e terras tomadas, condeno vidas violentadas de todas as formas possíveis, de milhares de palestinanos deslocados e refugiados. Condeno mais de dois milhões de palestinianos enclausurados num território que é seu por direito mas que não podem sair nem entrar.

Condeno mais de 14000 palestinianos mortos e outros tantos (mais quantos) que ainda se encontram debaixo de escombros, condeno mais de 6000 crianças assassinadas, bombardeadas e outras tantas (mais quantas serão?) que também se encontram ainda debaixo dos escombros. Condeno todos os  subservientes países ocidentais que apoiam e dão livre trânsito, carta branca a um genocídio de um povo que está no seu próprio território e que não pode erguer as suas bandeiras nos seus próprios edifícios?

A verdadeira pergunta é: como não condenar o terrorismo que Israel consistentemente vem praticando desde há largas décadas??














quinta-feira, 16 de novembro de 2023

O pai tem o filho que merece


Exactamente o meu ponto de vista.
Ao verem destruídas, arrasadas, as suas vidas, as suas casas, as suas famílias, os seus filhos, condições insalubres de vida, os seus valores morais e religiosos desrespeitados sistematicamente, o que sobra a um palestiniano que há decadas, e muito particularmente neste último mês e meio, vê a sua vida diariamente violentada?
Nada. Nada. Nem esperança. E o que sobra no meio desse nada? Raiva, frustração, desespero e tudo isto leva a uma das forças mais motivadoras, e destruidoras, que podem surgir no interior de um ser humano: ódio por quem lhes causou, causa, tudo isto.
E é assim que surge um operacional Hamas. Israel, um estado terrorista, está a criar novos e ainda mais poderosos, mais motivados e mais determinados elementos Hamas.

O Hamas existe porque Israel os criou. Sangue do seu sangue. E o pai tem o filho que merece.
 









terça-feira, 14 de novembro de 2023

uma epifania tardia


Passados poucos dias de ter passado um mês, no conflito entre e Israel e Hamas, mais de onze mil vidas palestinianas foram assassinadas, o chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, teve um momento epifânico e considerou que "foram mortos demasiados palestinianos".
Israel afirmou que no mesmo período de tempo matou cerca de... 60 elementos do Hamas.

Significa que Israel matou, destruiu mais de 183 vidas inocentes por cada elemento do Hamas morto.
Israel está empenhado, é este o seu verdadeiro objectivo, em matar mais palestinianos que terroristas (como os próprios israelitas).
Digo-vos, é preciso fazer um tremendo esforço de racionalização para não ter que simpatizar com o Hamas e considerar que eles são os bons da fita neste filme atroz onde a humanidade falha em toda a linha.

Os únicos bons da fita são os que estão a ser massacrados às centenas pelos israelitas todos os dias, os palestinianos.
São massacrados nas escolas, massacrados nos hospitais, massacrados nas suas casas, nas ruas, dentro de ambulâncias, enquanto se deslocam para zona ditas seguras, nos campos de refugiados que foram montados para a sua "segurança". Não têm água, alimentação, combustível, electricidade, cuidados básicos ou a possibilidade de enterrar dignamente os seus (incontáveis) mortos, e tratar, cuidar dos seus (inumeráveis) feridos.
E o ocidente, impávido e sereno, a permitir, a financiar, a incentivar e a aceitar o genocídio do povo palestiniano.
Neste momento, ser europeu, ser ocidental é algo que me faz sentir uma imensa vergonha. Embaraço.







sábado, 11 de novembro de 2023

14 anos - os tempos que correm


14 anos de Esteira. Últimos dois marcados por duas guerras. Três, na verdade.

A da Ucrânia foi um choque. Como um país, Rússia, pode invadir outro, a Ucrânia, considerando que tem o direito a reaver a história passada? Interferindo, condicionando as suas escolhas, no caminho que um terceiro quer percorrer?
Mostrando um desrespeito, um desprezo, que até ao momento só tinha visto em documentários, ou em livros, pela vida humana. Hospitais, maternidades, centros comerciais, estações de comboio, etc..., etc...
O ocidente promete-lhes apoio, que até chega, mas tarde, em quantidades insuficientes. O ocidente está preso, refém da manipulação psicológica. permanente da ameaça de uma guerra atómica por parte Rússia. 
Actuam tardiamente e os seus discursos são feitos em bicos de pés para não ofender a Rússia e não perturbar, não acordar (excessivamente) o outro gigante, a China.


A guerra de Israel contra o Hamas, teve repercussões pessoais incomparavelmente maiores quando comparadas com a guerra da Ucrânia.
É uma guerra, neste momento tenho dificuldade em chamar-lhe guerra, mas sim genocídio dada a amplitude, a desproporção da resposta, direito à defesa chamam-lhe cinicamente os líderes ocidentais.
Em duas das viagens que fiz este ano, Síria e Líbano, contactei profundamente com a vida e cultura dos palestinianos refugiados nestes dois países. Nas comunidades de refugiados sírios e palestinianos de Sabra e Chatila em Beirute, falei com eles e ouvi-os. Abraçaram-me, deram-me as suas mãos, receberam-me em suas casas. Falaram sobre as suas histórias pessoais, as história dos seus avós, as vidas que tinham, as vidas que passaram a ter. Ouvi pela primeira vez falar na Nakba por quem participou, por quem sobreviveu e pelos seus descendentes.

Querem, procuram paz. Querem o regresso às suas casas, ao seu país. Guardam as chaves das casas que deixaram para trás, numa esperança, quase inútil, de um dia poderem abrir as suas portas.
Mostraram-me muitas dessas chaves e outros objectos que trouxeram com eles. Sabem os nomes dos seus proprietários. Muitos mortos pelos israelitas, outros pelo tempo que passou.

Agora, 75 anos depois voltam a enfrentar uma segunda Nakba, um segundo massacre, na verdade um genocídio. Bombardeiam hospitais, ambulâncias, escolas, casas, campos de refugiados. 
A faixa de Gaza está cercada, invadida. Estão sem electricidade, comunicações e combustíveis que permitem aos hospitais, que ainda não foram bombardeados, funcionar, a poderem tratar dos seus feridos.
A cada dez minutos morre uma criança. São milhares, cerca de pouco mais de 4000, de crianças e bebés assassinados até ao dia que escrevo este texto.

Como o ocidente, desta vez, não tem que se curvar perante a chantagem da Rússia, mostra-se subserviente a Israel. Permite-lhes tudo, sem resoluções ou sanções internacionais aprovadas contra a Israel.
Se a ONU se mostrou praticamente inútil com a Rússia, agora é verdadeiramente inútil. A todos os níveis.
Decorre um genocídio à frente dos nossos olhos, ouvidos e dedos. Nas televisões, redes sociais, rádios, jornais.
Todos sabemos o que está acontecer mas recusamos a dar o devido o nome a este sofrimento implacável que os palestinianos enfrentam e sozinhos. Porque de facto, estão.
O povo pode ir para as ruas protestar, chorar, erguer bandeiras, gritar palavras de ordem, divulgar os inenarráveis padecimentos do povo palestiniano. Mas tudo isto esbarra nos líderes ocidentais. Frios, cínicos, apáticos, carneiros seguindo em fila indiana ao beija mão de um dos grandes facínoras do mundo actual, Benjamin Netanyahu. Os seus nomes, e a História lembrar-se-á disso, arrastam-se na lama, na poeira, nas lágrimas e sangue de milhares de inocentes: Ursula Von der Leyen, Emmanuel Macron, Olaf Scholz, Rishi Sunak, Joe Biden e Antony Blinken.


Se as guerras de Israel contra a Palestina (e não como afirmado contra o Hamas), a da Ucrânia contra o invasor russo, têm a maior cobertura mediática no prime time televisivo, uma terceira acontece, agora tornada invisível: a guerra civil do Sudão, um país com quem tenho igualmente fortes ligações efectivas por os ter conhecido e ter convivido com eles no seu país e igualmente alvo de "corajosas" sanções internacionais. Entenda-se ocidentais. 

África nunca interessou à Europa. Não porque seja um continente longínquo, mas porque assume que é um continente "primitivo", tribal, sem rei nem roque, desinteressante. E no entanto foi o colonialismo europeu que desgraçou, que lançou este espantoso continente num lodaçal do qual ainda hoje não consegue sair.
Um guerra civil que já cerceou rente mais de 10000 vidas, com cerca de seis milhões de deslocados e refugiados em países tão ou mais pobres que o Sudão: Sudão do Sul e Chade.
Um país onde palavras como limpeza étnica e genocídio fazem sentido. Na região do Darfur, oeste do Sudão entre 2003 e 2005 estima-se que cerca - um pavoroso e frequentemente ignorado número - 200 000 mil mortes tenham ocorrido. A ONU mais uma vez não interveio, não fez nada porque considerou que um genocídio não estava a ocorrer. 
Outra das vezes que a ONU pensou o mesmo, que apesar de reconhecer que algo verdadeiramente sinistro e macabro estava a ocorrer, resultou na morte pelas mãos da maioria Hutu, entre 7 de Abril e meados de Julho de 1994, de um milhão e meio, talvez mais segundo outras fontes, de pessoas da minoria étnica Tutsi. O memorial de deste genocídio em Kigali, tal como muitos outros espalhados pelo país inteiro, não deixam ninguém indiferente.
 

Para todos os efeitos, a Esteira celebra hoje 14 anos de existência.
As castanhas não faltaram 🌰🍷 e obrigado a quem anda desse lado 🥂










terça-feira, 7 de novembro de 2023

um poema de...José Gomes Ferreira (em tempos de guerras)




Devia morrer-se de outra maneira

Devia morrer-se de outra maneira.
Transformarmo-nos em fumo, por exemplo.
Ou em nuvens.
Quando nos sentíssemos cansados, fartos do mesmo sol
a fingir de novo todas as manhãs, convocaríamos
os amigos mais íntimos com um cartão de convite
para o ritual do Grande Desfazer: "Fulano de tal comunica
a V. Exa. que vai transformar-se em nuvem hoje
às 9 horas. Traje de passeio".
E então, solenemente, com passos de reter tempo, 
fatos escuros, olhos de lua de cerimônia, viríamos todos 
assistir a despedida.
Apertos de mãos quentes. Ternura de calafrio.
"Adeus! Adeus!"
E, pouco a pouco, devagarinho, sem sofrimento,
numa lassidão de arrancar raízes...
(primeiro, os olhos... em seguida, os lábios... depois os cabelos... )
a carne, em vez de apodrecer, começaria a transfigurar-se
em fumo... tão leve... tão sutil... tão pólen...
como aquela nuvem além (vêem?) — nesta tarde de outono
ainda tocada por um vento de lábios azuis...


José Gomes Ferreira, in Poeta Militante




quinta-feira, 2 de novembro de 2023

Bravo, Israel


Bravo Israel. 
A cada dez minutos vocês assasssinam uma criança, uma perigosa militante do Hamas. São cerca de 3400 destes militantes mortos desde o dia 07.10.2023 até à data de hoje.

A União Europeia e os EUA batem palmas e estão orgulhosos da vossa chacina e vão continuar a apoiá-la incondicionalmente.
Eles têm a certeza que vocês vão continuar eficazmente a massacrar todos estes terroristas e que Israel vai continuar no trilho do genocídio do povo palestiniano.