Hoje é um dia muito especial e necessário para muitas e muitas pessoas: o dia mundial da Prevenção do Suicídio.
Vai passar despercebido nos meios de comunicação, atarefados que estão na criação de overdose repetitiva e inútil de notícias de alguém que morreu quando devia e da forma que devia.
A ONU, estima que a cada quarenta segundos uma pessoa no mundo suicida-se.
Isto significa que por ano morrem mais de 800 mil por suicídio, não contando com os sobreviventes.
É uma das principais causas de morte em todo o mundo. 52% ocorreram em indivíduos abaixo dos 45 anos e é a segunda maior na faixa etária entre os 15 e os 30 anos. A incidência é sobretudo entre os homens.
Em Portugal em média morrem 3 pessoas por dia por suicídio. É superior ao número de mortes causadas por acidentes rodoviários.
Enforcamento, armas de fogo e pesticidas são as formas mais procuradas.
Saúde mental (principalmente depressão, esquizofrenia e bipolaridade), insucesso escolar, insucesso familiar, ambiente e pressão familiar, problemas financeiros perdas amorosas e pessoais, pressão social principalmente em pessoas com elevada escolaridade estão entre as primeiras causas de suicídio.
Estudantes, desempregados, pessoas que sofrem de doença e dor crónica e grupos que sofrem o estigma do preconceito e segregação social como presos, homossexuais, bissexuais, pessoas trans e emigrantes, são as pessoas com maior probabilidade procurarem o suicídio.
O suicídio não nasce nas pessoas mas vai nascendo, apesar de a concretização do acto em si seja impulsivo.
Conheço gente que diz que há covardia nas pessoas que procuram este gesto. Nada de mais profundamente errado. Longe disso. É um acto de puro desespero. Nem de coragem, nem de covardia. É um acto de quem procura deixar de sofrer. É uma acto de alguém que não encontrou ajuda aos seus pedidos que frequentemente são silenciosos mas que estão presentes. É um acto de alguém que não foi ouvido, não foi interpretado e que não encontrou empatia naquilo que sentia e pensava.
A procura e consumo de álcool, o isolamento, excesso de tristeza, a forma como fala e escreve, saltando de um extremo para o outro, uma alteração de comportamentos, alteração de padrões de sono e alimentares, descuido pessoal na forma como se veste e na higiene, mencionar a morte, a desvalorização de si próprio uma profunda sensação de inutilidade e de baixa auto-estima são sinais a procurar, a ler e a interpretar.
O que é preciso fazer quando alguém nos pede ajuda destas formas: encorajar a falar e depois ouvir, ouvir, ouvir, sem julgar, sem julgar, sem julgar e valorizar, valorizar, valorizar o que se ouve e evitar lugares comuns e clichês. Todos nós sabemos como são vazios.
E jamais pensar que só porque uma pessoa sorri que nada do que foi enumerado está acontecer. Ir além das aparências, ler nas entrelinhas. Há sempre uma comunicação para o exterior do que se passa no interior de quem sofre.
A linha Saúde 24 (808 24 24 24) e o 112 são linhas disponíveis para quem tem intenções suicidas, está a lidar com um suicídio e que procura e precisa de ajuda.
Existem outras linhas, as linhas SOS Voz Amiga com os números:
213 544 545
912 802 669
963 524 660
Elas funcionam entre as 15.30h e as 00.30h a quem as pessoas podem recorrer.
Nunca percebi, e nunca irei perceber, porque é que uma linha telefónica que dá apoio emocional a quem a procura tem horário de funcionamento em vez de estar disponível 24h por dia.
Como se as emoções de quem procura e precisa destas linhas tenham também horário!
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