Foi redigido um documento final que obteve mais consenso que o acordo dos países participantes.
Foram atingidos compromissos importantes mas as energias fósseis, para infelicidade do planeta (e nossa), vão permanecer quase inatingíveis. Elas vão-se manter no "activo" nas próximas décadas.
O combate à desflorestação também não foi plenamente atingida, e neste triste campo está o Brasil numa posição de destaque em que ano após ano destrói sistematicamente a floresta amazónica e que, não inocentemente, optou por estar ausente da cimeira do clima deste ano.
Um dos objectivos da cimeira do clima que acabou ontem era manter até ao final deste século, a subida da temperatura global do planeta relativamente à era pré-industrial em 1.5ºC. Foi esse o grande propósito dos acordos de Paris em 2015. No entanto, passados seis anos, se a actividade humana permanecer tal como está neste momento esse aumento de temperatura chegará aos 2.7ºC. Paris, está portanto a falhar os seus objectivos. 2.7 é demasiadamente próximo dos 3ºC. Agora, qual é a importância desta meta que ninguém quer que se atinja?
Infelizmente alguns destes sinais já estão a acontecer. A secas extremas, inundações costeiras e o "afundar" dos países com cotas mais baixas relativamente ao nível do mar é uma realidade de há alguns anos.
Fiji, Tuvalu, Kiribati, Bangladesh e as ilhas Salomão estão a sofrer em primeira mão os efeitos das alterações climáticas. Comunidades destes países estão já a deslocar campos de cultivo e aldeias para fugirem às zonas inundadas pelo mar. Isto é tão sério que já foi instituído a figura do refugiado climático.
Se há países em África já estão a sofrer ondas de calor de secas prolongadas, outros há, como os países do Corno de África em que as chuvas intensas estão causar o caos nas populações. Moçambique e Madagascar estão debaixo dos efeitos de tufões tropicais de categorias mais elevadas e logo mais destrutivos.
Países como a Índia - ironicamente um dos países que pretende continuar a usar combustíveis fósseis, e que tem níveis de poluíção atmosférica altíssimos, tem como objectivo atingir a neutralidade carbónica apenas em 2070 - ou a Indonésia, entre outros países asiáticos, estão a sentir na pele o aumentar a intensidade das monções com efeitos devastadores sobre as populações. A Europa está a enfrentar com uma frequência cada vez maior os efeitos de prolongadas e severas ondas de calor e de frio. Os fenómenos meteorológicos extremos são cada vez frequentes e com consequências cada vez piores.
Isto sem mencionar a perda, cada vez mais acelerada de biodiversidade e da incapacidade do planeta em sustentar a vida marinha e terrestre e logo a nossa própria.
Uma subida média de três graus da temperatura global do planeta até ao final do século é algo que não queremos que aconteça. Tudo o que já está acontecer neste momento irá potencialmente aumentar em área, em consequência, ferocidade e em rapidez. Estamos mais próximos do que nunca desse valor. São os tais 2.7ºC previstos no final deste século. Inacreditavelmente, e especialmente ao nível dos decisores políticos, todos sabem o que é preciso fazer para que se atinjam os desejados 1.5ºC. Egoisticamente os maiores poluidores do mundo, não estão fazer, ou estão a bloquear, o que imperativamente e urgentemente tem que ser feito.
No fim, ninguém, qualquer que seja a zona geográfica do planeta considerada, se sai bem ou fica bem numa situação destas. Ninguém!
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