tormentos
A garganta rasga-se em labaredas de suspiros que me sufocam as entranhas
não libertando o que deve ser libertado,
obscuras asas grasnando de dor,
pesados e inquietos assombros, filhos do inconsciente e da punição.
Demónios impacientes, sem forma e sem nome,vassalos da noite sem sono
geradas pelas memórias negras dos tempos vividos.
Imploro, retomem ao escuro covil de onde vieram canibais da razão,
às angústias que vos alimentam, tormentos inquietos esgotando a vitalidade dos sorrisos.
Acalmai-vos por instantes, devolvei por fugazes momentos a Tranquilidade roubada.
De novo rugireis, roedores de vontades,
devastando, rasgando o meu Eu, o que sobra dele, o que foge de vocês,
mais negro que vocês, melhor que vocês, destruidoras de sonhos.
Mas palidamente, memórias de luz erguem-se.
Impõem-se pela vontade às insistentes negras sombras voadoras que rondam inquietas,
assustadas, a força que emerge.
Cores, música, uma paisagem, um sorriso adivinhado, mais percepcionado que visto,
erguem-se em firme e frágeis passos, que abrandam, ilusão talvez, as peludas sombras.
Descalça, a Tranquilidade chega. Fecho os olhos e adormeço.
Inkheart
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