terça-feira, 1 de março de 2011

Grande Ecrã - Indomável (True Grit)



Diria que Indomável e o Discurso do Rei são filmes irmãos. Em tudo muito iguais um ao outro.
A diferença é que a cada um deles corresponde um lado do Oceano Atlântico, moldando-os culturalmente e mostrando as suas raízes.
O Discurso do Rei é sobre o que mais típico a Grã-Bretanha tem, a realeza. Indomável oferece a mais pura tradição do Oeste americano.

Ambos os filmes estão suportados por actores principais cujos papéis enchem o ecrã e é difícil imaginar que outros actores poderiam ter melhor desempenho e ambos foram candidatos aos Óscares. Colin Firth pelo Discurso do Rei e Jeff Bridges por Indomável.

Por sua vez, nos dois filmes, os papéis de suporte têm um desempenho que rivaliza com os principais, Geoffrey Rush e Hailee Steinfeld tendo sido igualmente os dois nomeados para os respectivos Óscares.
As realizações são imaculadas e bem ritmadas, os argumentos muito bons, os diálogos vivos e com humor.

Mas olhando para um e para o outro e pesando-os, gosto mais de Indomável.
Porque apesar de tudo tem melhores cenários e a fotografia de Roger Deakins é excelente.
A realização dos irmãos Coen é mais emotiva e mais vibrante.
A longa cavalgada final de Rooster Cogburn para salvar a vida de Mattie Ross está extraordinariamente bem filmada, carregada de emoção e termina com o dramático sacrifício final do exausto cavalo.
Jeff Bridges compõe fantasticamente um rude e velho marshall, gordo e intratável de voz cavernosa. Enquanto Hailee Steinfeld na mesma linha mostra uma personagem determinada, pragmática e sem papas na língua, mantendo no entanto a sua delicadeza e fragilidade juvenil.

Os irmãos Coen têm assim o grande mérito de fazer reviver um género em que muitos dos que vão assistir a este filme não estão habituados a ver numa sala de cinema: o western.
Talvez a última vez que um western triunfou numa sala de cinema tenha sido Imperdoável (Unforgiven), uma pérola de Clint Eastwood de 1992.



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