domingo, 14 de novembro de 2010

Grande Ecrã - A Rede Social

A Rede Social não é um filme sobre o Facebook. É mais interessante que isso.
É um filme que responde a duas perguntas: Como surge o Facebook? E porquê?
E a resposta é dada logo nos primeiros minutos do filme. O diálogo de entrada com a namorada é fantástica. É ágil, é incisivo, exige atenção de quem vê e no imediato caracteriza muito bem a personagem Mark Zuckerberg.
Inteligente, acutilante, desconcertantemente rápido de raciocínio colocando problemas a quem dialoga com ele e o mais importante, alguém que tem dificuldades de integração na vida social mas que deseja ser socialmente aceite pela comunidade universitária, que o rejeita.

No final deste diálogo, a namorada rompe com ele e percebe-se que este é o motivo decisivo para o germinar do Facebook, uma rede social virtual.
Algo que permite a socialização de pessoas sem que não se tenha que levantar da cadeira, vestir um casaco, sair de casa e ir ter com os amigos.
É um clube social concebido por nós e à nossa medida. Onde os membros social são escolhidos e/ou aceites por nós com base nos seus perfis de interesses.
Ou seja, exactamente aquilo que Mark Zuckerberg precisa.

A partir daqui desenrola-se todas as consequências, universais, que rodeiam a criação de algo excepcional e absurdamente lucrativo: ganância, oportunismo, traição e perda de amigos (no caso de Zuckerberg, o único que tinha - Eduardo Saverin).

A realização de David Fincher é igual ao diálogo de abertura. Rápida, viva e interessante. Bem apoiada em excelentes diálogos (talvez a melhor componente do filme).
Consegue imprimir um ritmo de acção a algo etéreo como um filme que se debruça sobre como surge uma rede social virtual.
O outro trunfo do filme é o actor Jesse Eisenberg, completamente credível no papel de Mark Zuckerberg.
Mostra-nos um geek genial, imaturo, incapaz de socializar, um pouco alheado do mundo real, rosto fechado e pouco sorridente - raras vezes o vemos a sorrir ao longo do filme.
Alguém que caminha à frente dos outros e que vê ainda mais à frente.
Exactamente o perfil que esperávamos do criador do Facebook.


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