quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Se os gatos desaparecessem do mundo - Genki Kawamura


Então o que seria? A minha vida ou os gatos? Naquele momento, não podia imaginar a minha vida sem o Repolho. Tinham passados quatro anos desde que a mãe morrera. O Repolho estivera sempre ao meu lado. Não podia eliminá-lo. Mas o que eu podia fazer?


Não fosse o título do livro - Se os Gatos Desaparecessem do Mundo - e não o teria comprado.
Mas com um título destes como não o fazer?

Conta a história de um carteiro que vive sozinho, com o seu querido gato Repolho por companhia, a quem de repente lhe é diagnosticado um tumor cerebral inoperável, grau 4, e lhe dão poucos dias de vida. Uma semana, mais concretamente.
Confrontado com a notícia, o carteiro de trinta anos decide fazer a habitual lista das últimas coisas a fazer antes de morrer.
É nesta altura que o Diabo surge e lhe propõe um negócio algo bizarro: por cada coisa que o carteiro fizer desaparecer do mundo, este ganha mais um dia de vida. 
Pensando que pode fazer desaparecer pequenas e inocentes coisas e com isso ganhar dias de vida até chegar a velho, o jovem aceita. Tratando-se do Diabo, naturalmente que a proposta feita não é tão inocente quanto isso. No entanto, dia a dia, uma a uma, o carteiro vai aceitando as propostas do Diabo, até que chega a um ponto em que percebe que há limites que não podem ser pisados.

Com base nesta proposta diabólica, claramente de inspiração faustiana, o autor deste romance, o japonês Genki Kawamura, leva-nos a reflectir sobre a morte, a perda e o relacionamento pessoal, a importância da reconciliação, sobre a relativização da relevância que damos aos objectos.

De leitura escorreita e fácil, o livro lê-se de rajada, uma tarde de sábado no meu caso. Coloca-nos sem dificuldade na pele do carteiro e leva-nos a pensar que faríamos, que decidiríamos, se estivéssemos na sua situação. 
Apesar de o título ser particularmente atraentes para "gateiros", o que explica o sucesso que teve no Japão, país que tem uma relação muito especial com os pequenos felinos, reduzir este livro só para esta pessoas é um profundo erro.









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