segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A Turquia e a Europa

A aproximação

A Turquia votou, este fim de semana, a favor em referendo, as 26 emendas na sua constituição que permitem fazer a aproximação à Europa e às suas exigências para a entrada na União Europeia. 
Entre elas constam a possibilidade de tribunais civis poderem julgar militares em crimes contra o estado, a promoção da igualdade entre sexos, proibição de discriminação contra crianças, deficientes e idosos, deixam de ser proibidos as greves de cariz político. 

A Turquia dá assim um passo significativo em direcção à Europa. 
Outros, terão ainda que ser dados nomeadamente a relação com o povo curdo e a difícil questão que opõe turcos e gregos no que diz respeito à ilha de Chipre.

Pratos de uma balança

Será curioso observar a reacção de Sarkozy (e de Merkl), um dos principais opositores à integração da Turquia na UE, e como este se irá comportar, ao longo dos próximos tempos, nesta aproximação à Europa por parte dos turcos. 

Será que a sua faceta xenófoba (caso recente da expulsão dos ciganos) e islamofóbica (ler aqui) predominará e continuará a pôr entraves à entrada da Turquia - país esmagadoramente islâmico - na Europa?
Ou será a faceta interesseira, cínica e economicista dominará, face à possibilidade de ele (enquanto um dos motores europeus) e a Europa passar a ter acesso ao petróleo do Mar Cáspio, via oleoduto Bakú - Ceyhan que cruza o território turco e que termina no Mediterrâneo?

Na prática, estamos a falar de um país com cerca de 75 milhões de habitantes, cujo peso político, económico, religioso e sem esquecer a sua posição geográfica, é capaz no médio e longo prazo, pôr em causa e desequilibrar para o seu lado, a hegemonia europeia do eixo franco-alemão.
E isto é algo que Sarkozy e Merkl não abdicarão com facilidade.

Opinião

Pessoalmente creio que a entrada da Turquia traria valor acrescentado à Europa. 
Traria mais História, culturas milenares, uma nova religião, colocava um novo continente, um fascinante mundo novo às "nossas" portas. Seria o outro lado do espelho.
Claro que há uma outra face. Traria igualmente novos problemas e riscos. A incompreensão e preconceitos de uma religião (o Islão) não entendida pela maior parte dos europeus - A UE é um clube esmagadoramente cristão e há quem lute para que assim se mantenha - e que está associada à violência, e potencialmente poderia trazer conflitos armados (povo curdo) para o interior das "nossas" fronteiras.

Mas seria um grande desafio para UE e simultaneamente uma grande lufada de ar fresco.

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