quarta-feira, 21 de abril de 2010

ainda a propósito de João Garcia

Ontem à hora do almoço entre colegas comentou-se o feito de João Garcia de ter escalado as 14 montanhas mais altas do mundo. Levantou-se a questão, milhares de vezes perguntada, qual o motivo que leva uma pessoa a querer subir às montanhas (sejam elas altas ou baixas, fáceis ou difíceis). Suportar o frio, sofrer com o mal de montanha, andar com quilos às costas, frequentemente comer mal, dormir mal, sentir cansaço extremo e pôr a nossa vida em risco.
Retorqui com a famosa resposta de George Mallory, alpinista britânico que morreu numa expedição ao Everest em Junho de 1924, respondeu a um insistente jornalista que lhe perguntava qual o motivo que ele tinha para querer escalar o Everest: "Porque ele está lá".
Na verdade esta citação responde a tudo. A questão de "qual o motivo ?" é uma das poucas perguntas em que a resposta "porque sim" faz todo o sentido.
O facto é que a recompensa a estas provações é enorme. Temos o prazer da viagem com tudo o que isso traz associado. A paisagem pode ser avassaladora, descoberta de novos sabores, rostos diferentes, aromas desconhecidos, línguas distantes, o encontro com nós próprios.

Mas na essência, trata-se de sermos crianças grandes.
Trata-se de conquistar e de superar. Trata-se de estarmos altos e sermos importantes. Orgulho no estado puro.
É uma questão de sabermos até onde somos capazes de ir. Até onde o nosso corpo aguenta, até quando a nossa cabeça consegue puxar pelo corpo quando este já não quer continuar.
Isto é válido para uma montanha, uma árvore ou um penedo.

Trata-se de continuarmos a sermos rapazinhos e rapariguinhas brincando com coisas grandes, mais altas que nós, mais altas do que os ombros nos quais encavalitados enquanto putos, nos sentávamos a espreitar o mundo.


imagem - Google Imagens


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