José Duarte morreu hoje, com 84 anos.
Acredito piamente que a melhor forma de homenagear alguém, é enquanto está vivo.
Para possa assistir ao reconhecimento da sua obra, do seu trabalho, do seu legado.
A Esteira fê-lo por duas vezes, através do seu icónico 5 minutos de jazz. Aqui e principalmente aqui.
Para muitos, para mim, José Duarte era a voz de um, se não o mais o mais importante, dos programas de rádio dedicados ao jazz: 5 minutos de Jazz.
Foi para o ar pela primeira vez a 21 de Fevereiro de 1966, emitido pela Rádio Renascença.
Entre os anos de 1975 a 1983 esteve interrompida a sua emissão por causa da revolução de Abril. Retoma na Rádio Comercial e dez anos depois passa para a Antena 1.
É com 5 minutos de jazz que expando o meu horizonte jazístico. Alguns nomes e trabalhos viriam a tornar-se favoritos, outros tornar-se-iam experiências ouvidas mas não tão bem acolhidas.
Entre os primeiros, está a formação londrina Il Considered.
Dedicou mais de sessenta anos da sua vida a este género musical que me é tão querido.
Para a cultura portuguesa é uma perda tremenda, mas para a comunidade jazística nacional é irreparável.
Tradicionalmente pede-se um minuto de silêncio quando alguém relevante parte. No caso de José Duarte, talvez isso não seja o que mais desejaria.
O divulgador gostava muito do jazz clássico, tradicional. Bepop, hardpop. Mas tinha uma costela muito "free", muito experimental.
Recordo-me de num podcast, ele mencionar um álbum que apesar de já ter ouvido falar dele, nunca o tinha ouvido. Chama-se Interstellar Space. O último álbum gravado por John Coltrane no ano da sua morte, 1967.
É um duo entre o saxofone de Coltrane e a bateria de Rashied Ali. Os dois tocam com um fulgor, uma velocidade e voracidade invulgar. Gostei de ter finalmente conhecido este álbum, mas está entre os trabalhos que não abracei. De tempos a tempos, ouço-o.
Para José Duarte, no seu minuto de silêncio (que vai durar mais de onze), aqui vai Saturn.
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