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É de uma ternura imensa. Remete para os tempos em que éramos felizes e não sabíamos.
Crianças sendo crianças, onde o mundo pode ser descrito por linhas simples e cores soltas e descontraídas, onde as formas do mundo são descritas por linhas e curvas.
Uma altura, uma idade, uma inocência, em que a imaginação é mais importante e real que a própria realidade. Onde para viajar era apenas necessário um conjunto de lápis de cor, uma folha de papel branca, um banco de madeira e uma simples mesa de madeira.
A canção foi uma criação dos músicos Toquinho (António Pecci Filho) e Maurizio Fabrizio. O primeiro brasileiro, o segundo italiano. A canção teve duas versões com letras dos respectivos países e em ambos o sucesso foi aconteceu mais rapidamente que um pau de fósforo a arder.
A entrada da canção, os primeiros versos agarram-nos logo da mesma forma que o algodão doce se agarra aos nossos lábios quando nos aproximamos daquela nuvem feita de fiapos entrelaçados de açúcar.
Tão bonita esta canção.
Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo
Com o lápis em torno da mão
E me dou uma luva
E se faço chover
Com dois riscos tenho um guarda-chuva
Se um pinguinho de tinta
Cai num pedacinho azul do papel
Num instante imagino
Uma linda gaivota a voar no céu
Vai voando
Contornando a imensa curva, norte, sul
Vou com ela viajando
Havaí, Pequim ou Istambul
Pinto um barco à vela branco, navegando
É tanto céu e mar num beijo azul
Entre as nuvens vem surgindo
Um lindo avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo
Com suas luzes a piscar
Basta imaginar e ele está partindo
Sereno indo
E se a gente quiser
Ele vai pousar
Numa folha qualquer
Eu desenho um navio de partida
Com alguns bons amigos
Bebendo de bem com a vida
De uma América a outra
Eu consigo passar num segundo
Giro um simples compasso
E num círculo eu faço o mundo
Um menino caminha
E caminhando chega num muro
E ali logo em frente
A esperar pela gente o futuro está
E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo, nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença, muda a nossa vida
E depois convida a rir ou chorar
Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar
Vamos todos numa linda passarela
De uma aquarela
Que um dia enfim descolorirá
Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo (que descolorirá)
E com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo (que descolorirá)
Giro um simples compasso
E num círculo eu faço o mundo (que descolorirá)
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