sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

um poema de... William Shakespeare (na chegada do Inverno)




Soneto 97

Como o inverno, tornou-se minha ausência
De ti, o prazer com que passou o ano!
Que frio senti, que dias negros eu vi!
A estiagem de Dezembro espalhou-se por toda a parte!

E longe, cava, então, o verão,
O próximo outono, crescendo com toda a força,

Suportando o luxurioso peso do início,
Como úteros viúvos após a morte de seus senhores;

Embora esse farto assunto me pareça
A esperança de órfãos, e de frutos sem ascendência,
Pois o verão e seus prazeres servem a eles,

E, embora distante, os mesmos pássaros emudeçam;
Ou, se cantam, emitem um trinado tão mortiço,
Que as folhas empalidecem, por temerem o inverno.


William Shakespeare, in Sonetos



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