Sentaro gere uma pastelaria em Tóquio. A sua especialidade são os dorayakis. Duas pequenas panquecas barradas com doce de feijão, o an.
O negócio não corre bem, Sentaro (Masatochi Nagase) considera que o seu an não é convincente, mas não consegue encontrar uma melhor maneira de o fazer. A certa altura aparece Tokue (Kirin Kiki), uma senhora idosa que deseja trabalhar na pastelaria de Sentaro.
Este fica relutante em aceitar, mas quando prova o doce de feijão de Tokue, rapidamente aceita a entrada da idosa na pastelaria.
Uma Pastelaria em Tóquio têm todos os elementos que se espera de um filme japonês.
Uma realização contemplativa, cheia de poesia com enfoque especial nas cerejeiras em flor e nas passagens dos comboios. Tem diálogos lentos, pausados, cheios de sabedoria, onde a comunicação dos actores com a plateia é feita muito mais com os olhos do que com os lábios.
A confecção dos dorayakis é feita de uma maneira ritualista, cheia de carinho e muito espiritual, especialmente quando Tokue aparece em cena.
A idosa vai contrapor o que é artesanal ao que é pré-fabricado, a quase frieza mecânica de Sentaro com o envolvimento emocional de Tokue bem visível quando esta fala com os feijões e afirma que eles têm uma história para contar.
A terceira personagem por onde a narrativa passa é Wakana (Kyara Uchida) que não sendo uma personagem central, é decisiva para melhor percebemos o conteúdo do filme. Ela funciona como uma plateia, como se ela fosse a consciência de quem vai à sala de cinema ver Uma Pastelaria em Tóquio.
A realização de Naomi Kawase é muito serena e intimista. Predominam os close ups e planos intermédios dos personagens e do espaço onde estes se movimentam, atirando-nos facilmente para dentro da interligação que une os três personagens.
Há apenas um ligeiro senão. São quase duas horas de filme, o que me parece excessivo, porque apesar de não se tornar entediante, fica a percepção que a narrativa por vezes fica em suspenso.
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