quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

a cegueira do ocidente





Não tenho a menor dúvida que somos mais cegos perante o oriente muçulmano que o contrário.
Somos completamente desconhecedores desta cultura, avaliamo-la mal e não pretendemos sequer compreende-la.

Para nós ocidentais, um muçulmano é um terrorista, ou pertence à Al-Qaeda ou Daesh.
Não percebemos que um muçulmano é uma pessoa normal, crente numa religião, o Islão, como qualquer cristão, budista ou hindu.
Frequentam as mesquitas, como um cristão frequenta as igrejas, os judeus, as sinagogas e os budistas, os seus templos.

Quando os italianos taparam as estátuas nuas de Roma, por altura do presidente iraniano Hasan Rohani, não respeitaram as duas culturas, quando Hollande rejeitou não servir vinho à mesa, no almoço de recepção ao mesmo presidente, contribuiu para a incompreensão das mesmas duas culturas.
Dois erros crassos, dois exemplos de cegueira ocidental.

Os chineses têm um ditado que diz "antes de apontares o dedo a alguém pensa três vezes antes de o fazeres, porque tens três dedos a apontar para ti".
Quando acusamos a cultura muçulmana das suas falhas, esquecemos-nos que nós também as temos e que também elas podem, devem ser apontadas e acusadas.


A Al-Qaeda, o Daesh, Boroko Haram e afins, não deixam de ser iguais à Santa Inquisição que durou pelo menos quatro séculos. São extremistas, com uma visão distorcida da religião que professam, da realidade.
Não são as religiões que estão em causa, ou que são elas que devem ser acusadas. São as pessoas. São criminosos. Apenas e exclusivamente.
A religião que supostamente professam, é um disfarce covarde por onde se tenta validar, justificar os actos terroristas, criminosos em nome da qual são praticados.

No Egipto em Siwa, e no Irão, em Teerão e Isfahan, fizeram-me as mesmas perguntas, demonstraram as mesma preocupações:
- Vocês em Portugal pensam que nós somos todos terroristas? Que somos violentos?
- Não. Claro que não. Terroristas não têm religião. Vocês apenas são pouco conhecidos entre nós.
Em ambas as situações, acrescentei:
- Receamos sempre aquilo que não conhecemos, que não compreendemos. É mais fácil, mais consensual, deturpar e acusar que compreender.


Acreditamos que a cultura ocidental é superior às outras. Não é. As apenas são diferentes.
E temos uma grande dificuldade de perceber isto, aninhados no nosso pretenso e superior chauvinismo ocidental. Enquanto isto acontecer, para nós ocidentais, e neste caso em particular, um muçulmano será um terrorista.
Profundamente errado, E muito mais injusto.


2 comentários:

  1. Concordo, no essencial, com o texto. Claro que um muçulmano não é um terrorista. Pensar isso é uma idiotice tremenda.

    "Receamos sempre aquilo que não conhecemos, que não compreendemos. É mais fácil, mais consensual, deturpar e acusar que compreender."

    É um facto! "O inferno são os outros" já dizia Sartre. Tem que haver um esforço de ambos os lados no sentido de uma aproximação.

    Com a foto não concordo! Nós, mulheres no ocidente, podemos tirar a venda dos olhos, só depende de nós. As mulheres no oriente não podem tirar as vestes que as cobrem.
    Como mulher, esta é uma das questões que mais me chocam em relação ao islamismo, a posição de subserviência da mulher.

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    1. A foto do meu ponto de vista ilustra aqui que chamei de "cegueira".
      Curiosamente não o Islão que manda cobrir as mulheres, mas sim os líderes políticos e religiosos.
      No Irão antes da revolução islâmica de 1979, as mulheres não se diferenciavam de uma mulher ocidental. Foi após a revolução do Ayatollah Khomeini que foi imposto o hijab.
      O mesmo acontece em países mais conservadores, com interpretações literais da Sharia, como o Paquistão, Afeganistão e Arábia Saudita.

      Esta subserviência da mulher, a discriminação resulta de políticos e líderes religiosos, não da religião muçulmana.

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