terça-feira, 1 de dezembro de 2015

olhos


olhos

não são límpidos como janelas
nem pétalas a mostrar cores
ou leves, perfeitas e belas
longe de serem duas flores

são frágeis ao esquecimento
olhos choram a orvalhar
nos céus mora o tormento
de caírem sem serenar

chorem mas sem fingirem
olhos espelhos da minha alma
sonhem sem vos ouvirem
o que existe da negrura alva

porque cismam no tempo
olhos de um espelho cego?
a esperança vive ao relento
da paz que busco e renego

corajosos e tão cheios de medo
tão abundantes no tardio nada!
berram e apontam o dedo
mas em vós enterram a espada!


Inkheart


3 comentários:

  1. Belo! Gostei muito da forma como está construído, dos opostos que usas.
    Estes olhos não fingem, nem o choro nem o riso.



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  2. pois, o problema dos olhos é que não são "lípidos"... como quem diz "não têm massa gorda" :D

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    1. E não têm. Os poemas de Inkheart são muito elegantes.
      Nem sequer "castrol" têm. :P

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