quarta-feira, 14 de outubro de 2015

um poema de... António Nobre





À Luz da Lua!

Iamos sós pela floresta amiga, 
Onde em perfumes o luar se evola, 
Olhando os céus, modesta rapariga! 
Como as crianças ao sair da escola. 

Em teus olhos dormentes de fadiga, 
Meio cerrados como o olhar da rola, 
Eu ia lendo essa ballada antiga 
D'uns noivos mortos ao cingir da estola... 

A Lua-a-Branca, que é tua avozinha, 
Cobria com os seus os teus cabellos 
E dava-te um aspeto de velhinha! 

Que linda eras, o luar que o diga! 
E eu compondo estes versos, tu a lel-os, 
E ambos scismando na floresta amiga...

António Nobre
- Só -

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