Hoje comemora-se o dia mundial da Fotografia.
Um dos meus fotógrafos de eleição é o norte-americano James Nachtwey, nascido a 14 de Março de 1948.
Antes de existir Sebastião Salgado e Steve McCurry, já existia James Nachtwey.
Ele foi o primeiro fotógrafo cujo trabalho tomei consciência, que me marcou, fazendo fixar o seu nome.
Nachtwey é considerado o maior fotógrafo de guerra vivo.
No entanto pensar nele, exclusivamente, como fotógrafo de guerra é muito redutor.
As suas fotografias têm também um forte conteúdo social.
Fotografou o absurdo do genocídio do Ruanda, as fomes da Somália e Sudão e a pobreza um pouco por todo lado onde esta grassava.
Os seus trabalhos para a revista Time são do que melhor se fez, e se faz na área do fotojornalismo.
Como disciplina da área da fotografia, considero o fotojornalismo a mais difícil.
Exige estar no momento certo na altura certa, mas vai para além disso: obriga que o fotógrafo saiba numa fracção de segundo identificar e antecipar qual o momento certo e como fotografar esse mesmo momento certo e antecipado.
A fotografia já fica tirada mentalmente, depois é "só" concretizá-la.
E quando o tema é a guerra, tudo isto ganha outras dimensões.
É necessário ser pensar de prever o que vai acontecer em situações imprevisíveis, saber movimentar-se num conflito armado, ser capaz de não se deixar envolver excessivamente em situações de dor e sofrimento, e finalmente pensar ou melhor, não pensar que a sua vida está em risco, apesar de, obviamente de ela estar em todos os instantes.
É a grande vantagem da máquina fotográfica. É um escudo protector entre quem fotografa e o objecto fotografado.
É a máquina quem mantém o fotógrafo lúcido enquanto à sua frente se desenvolve o sofrimento, a dor, a perda, a tragédia.
É a barreira que se interpõe entre o fotógrafo que tem que ser e o ser humano que é.
A primeira fotografia da série ilustra exactamente isso.
Mostra Nachtwey em plena acção a demonstrar tudo o que um fotógrafo de guerra deve ser capaz de fazer.
Esta fotografia foi tirada por Christian Frei.
Christian Frei foi o realizador do documentário "War Photografer" em 2001, completamente dedicado ao fotógrafo americano.
A câmara de James Nachtwey passou pelo Afeganistão, Kosovo, Indonésia, Guatemala, Nicarágua, El Salvador, Alemanha, África do Sul, Estados Unidos da América, etc..., etc..., etc...
É um dos fotógrafos mais premiados de sempre da World Press Photo e em diversas categorias.
Igualmente é um dos fotógrafos que mais admiro e respeito.
Excelente homenagem ao fotojornalismo, no Dia Mundial da Fotografia.
ResponderEliminarTal como tu, considero a disciplina de fotojornalismo, a mais difícil, arrisca-se tudo, mesmo a vida.
É preciso ser muito corajoso, para se pôr num cenário de guerra. É que nem sempre a câmara é um escudo. São muitos os fotojornalistas que têm morrido em cenário de uma guerra que não é a deles.
Vou tentar descobrir na net o documentário "War Photographer", 2001, dedicado a James Nachtwey, realizado por Christian Frei. No IMDb, já o encontrei.
Bom fim-de-semana.
Oi Miosótis.
EliminarObrigado pelo que escreveste. :)
Quando menciono que funciona como um escudo protector é no sentido da protecção que oferece ao fotojornalista de guerra do que ele vê e fotografa: horror, morte, lágrimas, gritos, sofrimento, perdas.
Nem sempre acontece, claro. Mas frequentemente é ela que os mantém o mais próximo possível da sanidade dentro de um cenário absolutamente insano.
Bom fim de semana :)