Tenho uma grande empatia e um carinho muito, muito especial com pessoas com o autismo.
Sem o ser, percebo-os muito. Sei o que é viver num mundo muito nosso. Tão nosso, que é difícil partilha-lo e ser compreendido.
É a nossa conchinha. Um buraco, uma toca confortável, onde nos sentimos bem, protegidos.
Não compreendermos, não fazer parte do mundo que nos rodeia e o mundo que nos rodeia não querer fazer parte, não querer compreender o nosso mundo.
A rejeição, a indiferença, a tirania do número maior, sobre aquilo que nos torna diferentes.
Não querer ajustar-se a nós. Mas injustamente exigir, impor o contrário, porque tal é mais difícil para o mundo pequeno fechado do que para o mundo grande aberto.
Sermos permanentemente invadidos. Não nos pedem autorização para entrar, para furar e forçar esta nossa bolha que nos é tão querida e necessária.
A dificuldade de comunicar com algo ou alguém que tem rotinas diferentes das nossas e a necessidade que temos em manter as nossas.
É triste e absurda a utilização da palavra "autismo" para caracterizar outras pessoas que não o são. Como se fosse ofensivo, indigno, ser autista.
É uma forma de utilização de uma palavra que caracteriza um ser humano tão especial, que contribui muito mais para a exclusão e indiferença, do que para a sua compreensão e aceitação.
Não sou um autista, mas sou um deles.
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