terça-feira, 31 de março de 2015

velas


velas

Belas e elegantes e orgânicas. Simples. Puras. Fazem-nos sonhar. Fazem-me sonhar.
Quero viajar nelas. Voar nelas e com elas. Ir com elas até onde? Até onde der.
Liberdade sem amarras. Sensação difícil. Tão enjaulada que ela é, solta, a encontrar.

E há vento. E há viagens. As suas asas enfunadas, abertas até ao fim do fim.
Quero partir com elas. Deixar de ser visto, mas nelas. Loucura desejada, cabeça repousada.
E andar e voar. Tornar o distante, perto, tornar o longínquo, próximo. Aqui. Em mim.

E descobrir, descobrir, descobrir, sem fim. Nos céus infindos, sempre, sempre, distantes.
E de novo sonhar, humm... como deve ser bom sonhar abordo delas. Andar, caminhar, navegar
Ahhh, essas velas de formas diferentes, distantes, inconstantes como o beijo dos amantes.

Carreguem-me velas. Soltem-me as pesadas amarras. As minhas, as que atei.
O silêncio que gritei, as lágrimas que chorei, que ninguém, viu ou cheirou.
E no entanto... de tão cansado da ausência delas, as velas, eu sentei.

Venham velas, Brancas, puras, triangulares ou não. Levem-me, levem-me no vento frio.
Libertar desta rotina, fina, que me domina. Esse sufoco que é meu, que não é teu, mas de todos.
Sim, sim. Sou o que não me pertence. Cansado, desarticulado, inanimado. Caído no vazio

Descansar, fechar os olhos, e ir, e partir, nelas, as velas, janelas abertas para o nada, amadas.
Aconchegar, abandonar-me, esquecer, esquecer, lembrar-me a contradição, que piso no meu caminho
Ser o que elas são, livres, não domadas, as velas, que são de ninguém, e por isso... tão desejadas.


Inkheart





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