Encontrei o gato à beira da estrada, acabado de ser atropelado. Tinha o focinho em sangue, dentes partidos, língua cortada, anca partida, hipotérmico e estava em estado de choque.
Embrulhei-o num blusão meu e aumentei o ar condicionado para temperatura máxima para que estivesse o mais quente possível.
O céu estava bem negro e pesado. Iria chover forte nos próximos minutos.
Por duas vezes pensei que tivesse morrido. Fechava os olhos e ficava completamente inerte.
Disse-lhe - “Anda lá. Aguenta-te até seres visto pela veterinária, não morras no meu carro que ainda nos vamos dar muito bem”.
Aguentou-se. Na clínica depois uma espreitadela soube que era uma menina.
Nessa noite choveu realmente forte durante bastante tempo. Quase toda a noite. Se não a tivesse apanhado naquele momento, teria mesmo partido de vez com o frio, com a chuva e de inacção.
Durante quatro dias esteve com três patas do lado “vou partir” e a outra do lado “vou ficar”.
Muito prostrada, não comia, não bebia e não reagia a quase nada. Quando tentava levantar-se, caía.
Depois decidiu e pôs as quatro patas no “vou ficar”.
Todos os dias visitei-a à mesma hora. Queria que soubesse que havia uma pessoa e uma voz que a fizesse sentir confortável e em quem podia confiar. Talvez tenha sido isso que a convenceu a ficar.
A veterinária disse-me que ela já conhecia o som do meu carro e sabia quando eu entrava na clínica.
Um desses dias pôs-me atrás da porta fechada e sem ela me ver ouvi-a claramente a miar.
Quando entrava reconhecia-me, miava de novo. Ao ir-me embora também miava mas de uma maneira diferente, mais prolongada. Convencido, fazia-lhe mais festas, saía e ainda continuava a ouvi-la.
Passado talvez mês e meio, depois de vários RXs, análises ao sangue, litros de soro e antibióticos e observações por um ortopedista, ela saiu da clínica nas minhas mãos no dia dois de Novembro.
Em minha casa durante duas horas enfiou-se num buraco onde se escondeu e ficou lá. Foi ganhando confiança e começou a sair aos poucos e poucos. Mas qualquer ruído ou movimento brusco e voltava de imediato para lá.
Faz hoje um ano que a encontrei na estrada. Bonita, pequenita, com olhos de gaiata travessa.
Passei a ter um elegante tornado dentro de casa.
Já fez mais estragos que os outros dois juntos. É a companhia de brincadeira que o Miles sempre precisou .
Chamei-lhe Alma.
Porque teve a alma e a força para se aguentar no longo período de internamento e porque tal como o Mahler, foi atropelada.
Alma foi mulher de Mahler, uma das suas grandes paixões.
E agora é a minha, a do Miles e quanto ao Mahler, não sei bem. Talvez amizade. ;)
Já fez mais estragos que os outros dois juntos. É a companhia de brincadeira que o Miles sempre precisou .
São parecidíssimos. No padrão da pelagem, cor e comportamentos. Por vezes à primeira vista não é fácil distingui-los. São irrequietos da mesma maneira, como brincam, como correm e como emboscam-se um ao outro.
O Mahler tem agora uma vida mais calma como sempre desejou. Um canto com janela, uma manta e festas. O Miles anda mais ocupado com ela do que com ele.
Uma pequena felina com pouco mais de 3 kg veio melhorar a vida de dois pesados felinos que estão entre os 6 e os 7kg mais um de cerca de 90 kg.
É uma miadeira, ronroneira, basta pôr a mão sobre ela para começar a ronronar, turreira, amassadeira e trepadora profissional. E chantagista também.
Quando quer alguma coisa faz aquele miado meio dorido de quem lhe está a tirar o coração pela boca, que fazia quando eu saía da clínica e me convencia a fazer-lhe mais umas festas.
Dorme no meu colo e à noite há uma sessão de miados e festas antes de adormecer e ao acordar.
Por vezes durante a noite sinto super-suavemente a pata dela a tocar-me no nariz. Um carinho.
Não sei porquê mas bebe com a pata. Mergulha a pata, curvada, tipo colher, no bebedouro e bebe dela. Não sei como adoptou este comportamento. Não fazia isto na clínica.
Anda em cima das cadeiras de uma maneira que nenhum deles faz, trepa para sítios para onde os outros nem pensaram que se podia fazer. E mia, claro.
O Mahler tem agora uma vida mais calma como sempre desejou. Um canto com janela, uma manta e festas. O Miles anda mais ocupado com ela do que com ele.
Uma pequena felina com pouco mais de 3 kg veio melhorar a vida de dois pesados felinos que estão entre os 6 e os 7kg mais um de cerca de 90 kg.
É uma miadeira, ronroneira, basta pôr a mão sobre ela para começar a ronronar, turreira, amassadeira e trepadora profissional. E chantagista também.
Quando quer alguma coisa faz aquele miado meio dorido de quem lhe está a tirar o coração pela boca, que fazia quando eu saía da clínica e me convencia a fazer-lhe mais umas festas.
Dorme no meu colo e à noite há uma sessão de miados e festas antes de adormecer e ao acordar.
Por vezes durante a noite sinto super-suavemente a pata dela a tocar-me no nariz. Um carinho.
Não sei porquê mas bebe com a pata. Mergulha a pata, curvada, tipo colher, no bebedouro e bebe dela. Não sei como adoptou este comportamento. Não fazia isto na clínica.
Anda em cima das cadeiras de uma maneira que nenhum deles faz, trepa para sítios para onde os outros nem pensaram que se podia fazer. E mia, claro.
Deve ter sido da pancada da cabeça no alcatrão. Não ficou a bater bem.
Chamei-lhe Alma.
Porque teve a alma e a força para se aguentar no longo período de internamento e porque tal como o Mahler, foi atropelada.
Alma foi mulher de Mahler, uma das suas grandes paixões.
E agora é a minha, a do Miles e quanto ao Mahler, não sei bem. Talvez amizade. ;)
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