É difícil censurar o que quer que seja. Não é pretensão, nem objectivo ser politicamente correcto.
Muito pelo contrário. O que se deseja do hip hop é que seja incisivo, que ponha o dedo na ferida, que aponte os podres sem papas na língua.
Faz das letras, quase sempre uma forte transmissão de estados de espírito e pensamentos de quem canta. Sejam eles revolta, crítica social, reivindicação ou apenas mensagens de amor e paz.
O papel da música de intervenção cabe agora a este género musical que nasceu das ruas de Nova Iorque nos anos 70 e que tem como bandeira o querer ser uma contra-cultura.
Aquilo que começou às escondidas, foi ganhando espaço, visibilidade e popularidade cada vez maior. Foi sendo abraçado por outros géneros musicais e viu a sua influência aumentar.
Entre nós ainda continua como uma subcultura, algo escondida do grande público, sem ainda ser um género musical de massas.
Apesar de o hip hop já ter pisado várias vezes o palco de "uma música para o fim de semana" da Esteira, não é verdadeiramente o seu género musical de eleição.
Mas quando sei que Manuela Azevedo dos Clã está a fazer um dueto com um rapper faz-me tocar logo as minhas campainhas.
Sensi é o seu nome. No álbum Pequenos Crimes entre Amigos, que lançou em Outubro do ano passado tem"amigos" de respeito. Pesos pesados da música portuguesa. Para além de Manuela Azevedo, Rui Veloso, Dead Combo, Orelha Negra, Expensive Soul e mais uns quantos nomes dão uma "perninha" no álbum.
Até dá ideia que Sensi é um nome maior do hip hop, pela quantidade de músicos que participam no seu álbum, mas pessoalmente ao ouvi-lo, falta-lhe alguma agressividade, dinâmica e a sua voz é pouco acutilante, fico claramente convencido que são os músicos convidados que o puxam e o valorizam.
Sem o seu suporte, talvez Sensi ficasse na prateleira de um canto escuro de uma sala.
Ser filho do baterista dos Xutos, Kalú e irmão do baterista Fred Ferreira dos Orelha Negra, talvez ajude a explicar como consegue juntar tantos nomes em volta de si.
Introspecção conta com a colaboração de Manuela Azevedo.
É uma crítica social, uma viagem aos estados de alma, reflexões interiores com aquela tal liberdade de expressão politicamente incorrecta que desejamos e sabemos que vamos encontrar numa letra de um rapper.
Bom fim de semana :)
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