Júlio Pereira regressou em grande ao cavaquinho.
De uma assentada, lança um álbum, um livro e um site dedicado ao seu instrumento que praticamente é sinónimo do seu nome, cavaquinho.
Nesta tripla obra, Júlio Pereira tem um triplo objectivo. Quer alargar as fronteiras do sons do cavaquinho em termos de público, explicar como o cavaquinho sendo português alargou as suas fronteiras naturais a quase todo o mundo e simultaneamente acabar com as fronteiras físicas pondo à disposição de toda a gente a história do instrumento, através do site http://www.cavaquinhos.pt/.
Nele podemos conhecer a sua história, os seus construtores, as diferentes formas, as suas sonoridades, como ele é tocado, ensinado e conhecido pelo mundo fora. Inventariar e dar a conhecer a diáspora do cavaquinho.
Ficamos a saber que é um tetracórdio (instrumento de quatro cordas) de origem minhota e que tem mais nomes que o número de cordas que é constituído. Cavaquinho, braguesa, ukulele, machete, kerokong e não pára por aqui. Tudo dependendo dos muitos países onde ele é tocado. Brasil, Cabo Verde, Havai, Indonésia, Alemanha, Canadá, etc, etc...
Foram precisos trinta anos para Júlio Pereira voltar ao cavaquinho. Foi em 1981 através de "cavaquinho", um álbum completamente instrumental que o músico tornou este instrumento popular entre todos nós.
Agora neste regresso de pouco mais de três décadas - Cavaquinho.pt - Júlio traz vozes, dá novas sonoridades ao dito tetracórdio, e novos instrumentos a acompanhá-lo. Renova até nos ritmos que toca com ele.
Há um tema em particular que gosto muito - Ler Devagar. Sai um pouco fora daquele frenesim de notas que muitas vezes o cavaquinho atira cá para fora nos temas da clássica música popular portuguesa.
Ler Devagar é um pouco isso.
Dá para perceber como ele "fala", como consegue ser tão melódico quando é "abrandado" sem no entanto perder a sua sonoridade tão característica.
É sofisticado, mas sempre simples na maneira como interage e conversa com os instrumentos que o acompanham.
Além que entra no ouvido facilmente.
O vídeo não é grande coisa, mas uma boa música deve ser (sempre) vista com os ouvidos em vez de ouvida com os olhos.
Bom fim de semana :)
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