terça-feira, 17 de abril de 2012

compra de fim de semana - Marylin Mazur





Sempre admirei (e admiro) o mundo dos percussionistas.
Arriscando-me a dizer uma enormidade, diria que o mundo dos percussionistas é mais variado, mais imaginativo e fascinante que o dos bateristas.
É simultaneamente um complexo mundo encantado com fadas, faunos, elfos e ninfas e um mundo simples e primitivo cheio de sons primordiais, por vezes quase tribais.
O tema Elixir que dá nome a este cd, é um bom exemplo desta tribalidade sonora

Marylin Mazur, uma americana nascida em Nova Iorque mas a viver desde os seis anos na Noruega e que durante vários anos tocou com Miles Davis, pertence a este mundo encantado.
Em Elixir, ela abre-nos a porta para esse mundo de par em par.
A parceria com Garbarek, acrescenta asas a todo este universo. Em temas como Spirit of Air e Spirit of Sun sentem-se bem os ventos encantados que se libertam da flauta do músico norueguês.

A colaboração de Marylin Mazur com o saxofonista norueguês é longa. Durante mais de quatorze anos tocaram juntos.
Agora inverteram-se os papeis. É Garbarek que colabora com a percussionista. Ele está presente em cerca de metade das faixas. As restantes são de Marylin.
É nesta metade, que reside o grande interesse de Elixir. Assistir à tremenda capacidade que ela tem de apenas com (variados) instrumentos de percussão ser capaz de "encher" os nossos ouvidos.

Põe à frente dos nossos olhos, paisagens sonoras bem distintas.
Ora nos leva ao mundo feérico da fantasia, ora nos coloca em atmosferas mais primitivas e secas.
Consegue criar sons ríspidos que soam quase a reprimendas, como consegue o oposto. Sons gentis como a carícia da mãe que passa os seus dedos pelo rosto do filho adormecido.

É pena que as faixas tenham em média cerca de três minutos. Não chegam a desenvolver-se. São vinte uma histórias acabadas à pressa. Falta-lhes corpo e sabe a pouco.
Por vezes nem nos apercebemos que já estamos noutro tema.

O resultado final é um álbum diferente. Pleno de texturas por força da percussão de Marylin Mazur estando esta muito bem secundada por Gabarek.
É um trabalho sedutor, contemplativo e por vezes hipnotizante.
A faixa de abertura de Elixir, Clear, ilustra bem as minhas palavras.




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