Toda a classe política em matéria de Europa, dita democrata, não tem primado pela democracia.
Sempre assumiram, diria cinicamente, que os seus povos não tinham capacidade de entender o que estava em causa.
Por exemplo o Tratado de Lisboa não foi referendado em Portugal nem no resto da Europa, creio que só a Irlanda o fez.
Foi ratificado pelos respectivos parlamentos nacionais, com base no argumento que o documento era demasiado complexo para ser entendido pelos europeus. As tentativas de esclarecimento por parte dos governos envolvidos neste documento foram escassas ou mesmo inexistentes.
Quase todos nós, portugueses, não temos noções claras ou informação suficiente sobre o que se passa, que implicações têm na nossa vida decisões que são tomadas algures num parlamento europeu.
Uma entidade meio obscura, burocrata e teocrata, situada em Bruxelas que de cinco em cinco anos os europeus são chamados a eleger.
E a participação democrática dos povos na União Europeia começa e acaba aqui. É pouco, muito pouco.
Por isso a indiferença e afastamento, visível através das taxas de abstenção, dos europeus à democracia da Europa é cada vez maior.
A rejeição grega (mais do que provável) em referendo do novo pacote de ajuda, vai certamente fazer cair a Grécia e ferir de morte o euro e a própria União Europeia.
Portugal e a Irlanda, países sob ajuda financeira serão os seguintes a cair e atrás deles virá a Espanha, Itália, Bélgica, a França (o fantoche da Alemanha) e a própria Alemanha (o gigante com pés de barro) tremerão também e eventualmente cairão.
Muitos dirão que tal importância não deveria ser colocada nas mãos do povo grego. Tenho algumas dúvidas sobre isto.
Foi enquanto esteve nas mão dos políticos gregos que o caos se instalou e posteriormente foi nas mãos gananciosas, pretensamente salvadoras e solidárias, de políticos e financeiros europeus e americanos que ele aumentou e alastrou.
Porque não ouvir povo grego e deixar que este decida sobre o que fazer com ele?
Porque não a Grécia que está desesperada, quase ingovernável, que foi esmagada e encostada entre a espada e a parede não há-de decidir por vontade própria, que lado escolher, para que lado vai cair?
Porque não, nesta altura em que este país tem muito pouco a perder, não permitir aos gregos recuperar a sua soberania?
Foi nisto que Papandreou pensou e decidiu, dar voz e poder ao povo grego e foi isto que os mercados financeiros e a Europa - entenda-se Angela Merkel e a sua marioneta Sarkozy - não estavam à espera do país onde a democracia nasceu: da democracia.
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