Hoje comemora-se o Dia Mundial da Ciência pela Paz e pelo Desenvolvimento e para lembrar este dia pensei no divulgador de ciência e professor de físico-química Rómulo de Carvalho, que quando assinava António Gedeão, transformava a ciência em poesia, fazendo o mundo pular e avançar como um bola colorida nas mão de uma criança.
Ele descobriu igualmente que as lágrimas são iguais para todos os olhos que as choram e que não contêm vestígios de ódio, independentemente da cor da pele que os rodeia.
Lágrima de Preta
Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar
Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.
Olhei-a de lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.
Mandei vir os ácidos
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.
Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:
Nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.
António Gedeão
1961
Lindo poema,proibido antes do 25 de Abril de 1974.
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