Texto previamente publicado na revista de artes on line Textualino.
É uma escala que nós dificilmente teremos que lidar. É a grande vantagem da mediania. Tudo o que somos e nos tornamos fica diluído no cinzento número da vulgaridade.
Com 27 anos, a idade com que Amy morreu, a maior parte de nós só é conhecido por uma dúzia de pessoas (família e amigos) e pelo nosso cão ou gato se tivermos a sorte de ter um.
Não sabemos o que é estar na voragem e pressão da indústria fonográfica para regularmente colocar discos cá fora, serem um êxitos para que o público possa avidamente comprar e dar dinheiro a ganhar às editoras.
Mas apesar de tudo talvez consigamos imaginar a destruição que as “más companhias” podem provocar em alguém que está mentalmente fragilizado ou que de repente se vê num meio, que de raiz talvez não pertença ou não se adapte.
É assim que vejo Amy Winehouse, uma rapariga pequena perdida num grande mundo. Alguém que precisava da paz e protecção de um abraço amigo e não de sugadores de vidas e dinheiro.
O álbum Frank passou-me um pouco ao lado, mas o Back to Black atingiu-me em cheio. Não tanto por Rehab, mas por algumas faixas como Back to Black, Love is a Losing Game, Tears Dry on Their Own e ainda You Know I'm No Good.
Sempre me custou ver a degradação física que Amy atingiu e ainda mais vê-la “atropelada” por quem supostamente gosta de a ouvir, mas que provavelmente estaria lá na esperança, muitas vezes confirmada, de assistir a mais um triste espectáculo de decadência e humilhação em público de alguém que no fundo não queria, lutava e tentava não defraudar o seu público.
Para meu conforto gosto de pensar que Amy está em paz num sítio onde a sua voz pode ser admirada e aplaudida apenas pela sua pureza e dimensão.
Para sempre Amy.
Sem comentários:
Enviar um comentário