Sebastião Salgado é um grande senhor da fotografia. Considero-o com um dos fotógrafos mais completos e perfeitos que conheço.
Os seus livro temáticos sobre o Trabalho (tenho este) e um outro dedicado a África (que conheço muito bem) ilustram na perfeição a minha afirmação do parágrafo anterior.
Muitas das suas fotografias prendem o nosso olhar e espírito de uma forma muito intensa.
Por vezes enquanto se vai folheando os seus livros, tentamos voltar atrás e reencontrar aquela fotografia, aquela imagem que ainda baila na nossa memória, que vimos há poucos minutos mas que já deixa saudades.
Este ano escolhi outro fotógrafo de minha eleição. Que tem igualmente o mesmo poder, maior diria, de desejar o reencontro, e que é um Deus da fotografia: Steve McCurry.
Pessoalmente penso que McCurry fotografa pessoas, rostos e os seus olhos como ninguém - a fotografia de Sharbat Gula, a rapariga afegã é dele - talvez nem Sebastião Salgado atinja a sua perfeição.
Escolhi esta fotografia de Steve McCurry, um rosto de um ancião tibetano por razões óbvias. Pelos olhos penetrantes, pela saturação das cores e pela dignidade que dele emana.
Dá vontade de ler o seu rosto. Aquelas rugas têm muito poder, muita história para contar, segredos para revelar. Lenta e inexoravelmente, a experiência de vida e a passagem do tempo traçaram nele os seus sulcos.
Por isso o rosto dos velhos, as suas rugas, atraem-me fortemente. São sempre rostos belos, nobres e plenos de fascínio.
Se um rosto jovem tem a beleza da juventude, um rosto envelhecido tem a beleza e a marca do tempo, da vida vivida e da sabedoria acumulada.
Como não tive o privilégio de falar com este ancião, ponho-me a adivinhar o que uma conversa com ele poderia trazer, que conselhos eu poderia ouvir, que lições me seriam dadas.
Sou capaz de olhar esta fotografia tempos infindos e regressar a ela vezes sem conta.
É este o poder da fotografia de McCurry. Emocionar-nos, agarrar-nos a ela. Com unhas e dentes.
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