quinta-feira, 26 de maio de 2011

Grande Ecrã - A solidão dos Números Primos


A solidão dos números primos, é um filme pesado.
É um filme sobre a a inquietação da alma e sobre o peso dos traumas da infância.

Mattia carrega o segredo escondido de ter causado a morte da sua irmã deficiente mental por intermédio de um abandono quando responde ao apelo da brincadeira numa festa de anos em que a sua irmã poderia atrapalhar.
Alice por sua vez tem o peso da exclusão social na sua escola por ser coxa, consequência de um acidente de esqui.

Em ambos surge uma incapacidade total de relacionamento com o meio que os rodeia.
Alice e Mattia conhecem-se numa festa e fica-se com a sensação que algo romântico podia acontecer, mas não.
Entre eles existe uma empatia enorme. São os únicos que se compreendem e são também os únicos a quem mais tarde confiam os estigmas de infância e partilham a sua solidão.
Mesmo quando as suas vidas seguem caminhos divergentes - ela torna-se fotógrafa, ele cientista a trabalhar na Alemanha - o contacto entre eles mantém-se latente, inquebrável.

Os actores têm performances distintas. Medianos os que desempenham os adultos Alice (Alba Rohrwacher) e Mattia (Luca Marinelli), este último pouco convincente mas com destaque para Alba, particularmente quando se torna na decadente e muito magra Alice. E performance bastante superior para os que desempenham os personagens enquanto jovens.
Vittorio Lomartire é um intenso Mattia de olhar distante e alma esvaziada. Pouco mais que um invólucro.
Enquanto Arianna Nastro compõe uma Alice emocionalmente mais sólida que tenta sobreviver psicologicamente aos abusos de que é vítima por parte das colegas e integrar-se na hierarquia social da escola.

A Solidão dos Números Primos está cheio de olhares, silêncios e gestos.
O realizador Saverio Costanzo faz desenrolar à frente dos nossos olhos, um filme onde a solidão e a dor são bem palpáveis, quase tangíveis.




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