Todo o filme está concebido para a exuberância visual, para a acção. Seja verosímil ou não, o que na verdade não é de todo.
Mas essa, não foi a maior preocupação de Zack Snyder.
Babydoll (Emily Browning) tem problemas com o seu padrasto. Por causa deste, acidentalmente mata a irmã e é internada numa obscura instituição mental com uma lobotomia já planeada.
Para se defender destes ambientes e com um plano de fuga em mente, Babydoll cria realidades alternativas.
Realidades que são criadas através de danças - que não se vêem mas que se antevêem - que ela tem de fazer numa casa de alterne, um cenário já criado por ela na chegada à instituição.
Essas realidades levam-nos para cenários diferentes, distintos e com missões diferentes. É quase um encadeado de curtas metragens.
Começa sempre com um fechar de olhos. De cada vez que Babydoll fecha os olhos ficamos na expectativa com o mundo, com o cenário que Zack Snyder nos vai oferecer e deslumbrar: Japão medieval, uma primeira guerra mundial com alemães zombies, um mundo futurista e um cenário com dragões e orcs.
O ritmo é sempre desenfreado, alucinante e louco. As cores são escuras e esbatidas. Há explosões, disparos e espadeiradas por todo o lado.
As companheiras de Babydoll (Abbie Cornish - Sweet Pea, Jena Malone - Rocket, Vanessa Hudgens - Blondie, Jamie Chung - Amber) são como ela, sexys.
Aliás neste capítulo Snyder soube escolher e vestir as personagens de acordo com os estereótipos sinuosos dos desejos masculinos: loura, morena e asiática, vestidas com cabedal preto, corpetes, babydolls e botas altas.
Os desempenhos são fracos e quase que se tornam secundários num filme em que os diálogos e onde a lógica em Sucker Punch está também remetida para um plano quase virtual.
Emily Browning e Oscar Isaac (Blue Jones) parecem autênticos erros de casting. A primeira é pouco expressiva e com um ar demasiado artificial, uma boneca de porcelana rosada. O segundo, o dono da casa de alterne, como actor é praticamente inexistente.
As restantes companheiras sexy da equipa de Babydoll cumprem o que lhes é pedido, o que também não é muito.
Scot Glenn é o único que tem alguma credibilidade, mesmo que embrulhado em sucessivos diálogos clichés no seu papel de "sábio".
O final é uma pena. Ao tentar dar uma moral e um conteúdo filosófico ao final, algo que o filme nunca foi, Zack Snyder entra em contradição com ele próprio.
Seria muito mais coerente se através de uma última dança de Babydoll, ele desse a explicação mais plausível e desejada para o final.
E simultaneamente, dava a nós espectadores, a possibilidade de mais uma vez entrarmos num outro cenário e assistirmos a mais uns minutos de acção vertiginosa e fascinante.
Ao fim e ao cabo era só mais um fechar de olhos...
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