segunda-feira, 14 de março de 2011

Grande Ecrã - Despojos de Inverno (Winter's Bone)


Ree, uma jovem de 17 anos que sustenta uma mãe doente e dois irmãos muito novos está em risco de perder a casa, quando o pai, um produtor e traficante de drogas, dá a casa como fiança para sair da prisão e acaba por não comparecer à justiça. Para manter a casa Ree tem de encontrar o pai.

É através da busca que Ree enceta que a realizadora Debra Granik nos conduz a uma América esquecida e recôndita que se rege com regras e valores próprios, que Despojos de Inverno nos mostra.
É um filme cru, filmado de uma maneira nua e sombria, sem grandes preocupações com planos inovadores e complexos ou cenários grandiosos.
Despojos de Inverno não é um filme de grande dinâmica, mas prende a atenção e induz tensão em quem o vê. Desenrola-se de uma maneira lenta mas inexorável.
As personagens são compostas de uma maneira abafada, sóbria e tensa.

Jennifer Lawrence (Ree) tem uma prestação fantástica. É ela que faz o filme. Contida mas cheia de emoção. Determinada e dura como o ambiente e como a comunidade fechada e cheia de segredos que a rodeia.
É pessoalmente mais merecedora de um óscar para melhor actriz que Natalie Portman (Cisne Negro).
Assim como John Hawkes excepcional como Teardrop, perderia por sua vez o óscar de melhor actor secundário para Chiristian Bale (The fighter)
Mas se pensarmos que Winter's Bone é um filme independente, de baixo custo, fora do circuito comercial e portanto fugindo ao controlo de Hollywood, o facto de ter quatro nomeações - melhor filme e argumento adaptado são as restantes- para os óscares é por si só uma vitória para os que nele participaram.

Uma nota menos para o final.
Depois de tanta luta para encontrar o pai e assim arranjar o dinheiro que lhe vai permitir manter a casa, ele, o dinheiro, vai-lhe cair directamente nas mãos. A explicação dada é breve e pouco convincente.
É um final pouco coerente para mais de hora e meia de filme de vicissitudes de Ree.




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