Do Homens e dos Deuses é um filme baseado em acontecimentos verídicos que narra a história de um grupo de oito monges católicos franceses que viveram na Argélia, nas montanhas do Atlas.
Em 1996, sete dos oito monges são raptados e posteriormente assassinados por um grupo fundamentalista islâmico.
O tema central é a resistência que um grupo de homens oferece sabendo que as suas vidas estão em jogo.
Mas não é uma resistência heróica, determinada ou armada. De quem sabe que o há-de fazer e passa à acção no imediato. Muito pelo contrário. A resistência oferecida por estes homens é espiritual. A mais difícil delas.
As dúvidas sobre se ficam ou enfrentam uma morte certa são muitas, e são alvo de discussão entre eles.
De reunião para reunião e ao longo do correr dos dias, as opiniões vão mudando e tornam-se consensuais. Há a aceitação da sua missão e do seu papel. E decidem ficar até ao fim.
À medida que se desenvolve o filme percebe-se que as suas dúvidas vão sendo dissipadas aos poucos e poucos, através da sucessão diária dos cânticos e leituras. A mudança dos seus textos vão anunciando paulatinamente quer a decisão, quer o desfecho final.
O realizador Xavier Beauvois, filma tudo isto de uma forma muito contida, muito contemplativa. Tal e qual a vida dos monges.
Não existe banda sonora. É uma realização virada para a essência do cinema: realização, diálogos, silêncios e da interpretação.
Não dramatiza, nem coloca emoção na realização. A espiritualidade que se assiste, decorre do dia a dia da vida monástica. Não é imposta. Nem mostra os monges como mártires da causa cristã.
Há uma cena marcante. Simbólica. É quando numa ceia, começa a passar numa cassete o Lago dos Cisnes de Tchaikovsky - este é o único momento do filme que é suportado por música.
Nesta altura a decisão está tomada. E a câmara mostra através de grandes planos dos rostos, o que vai na alma de cada um dos monges: alívio ou apreensão.
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