segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Dispensando Deus


A afirmação

Quando o físico inglês, Stephen Hawking, contundentemente afirma que não pode ter sido Deus a criar o universo, está naturalmente a fazer uma declaração de fé.
Uma declaração que substancialmente não difere da fé religiosa. Apenas muda o objecto da crença. É a crença na Ciência em vez da crença em Deus.

Apesar de a afirmação me agradar, não creio que tenha empurrado os limites da ciência, através da física teórica, ao ponto de esta expulsar Deus da criação, ou de o tornar desnecessário.
Admitindo que se chegava a esse ponto, seria sempre possível para os defensores da Criação Divina contra-argumentar dizendo que foi Deus quem criou a física, que por sua vez permitira explicar a origem do universo. Ou seja, uma variante à estéril questão de quem apareceu primeiro, o ovo ou a galinha.


O argumento

A argumentação de Hawking baseia-se em duas premissas.
A primeira, foi o ter-se descoberto pela primeira vez em 1992, um planeta orbitando um sistema solar exterior ao nosso. Neste momento, já se terão descoberto cerca de 412 planetas nestas condições. O que torna a existência do nosso próprio sistema solar mais vulgar e comum do que se poderia pensar, anulando o conceito de que o nosso universo foi desenhado e concebido, com o propósito de favorecer o surgimento do Homem, condição que está subjacente ao Princípio Antrópico.
A segunda premissa, e provavelmente a mais polémica e espectacular, é o facto de acordo com este físico, a lei da gravidade permitir per si o surgimento do próprio universo a partir do nada.

“Por haver uma lei como a da gravidade, o Universo pode e irá criar-se a ele próprio do nada. A criação espontânea é a razão pelo qual algo existe ao invés de não existir nada, é a razão pela qual o universo existe, pela qual nós existimos”, escreve Stephen Hawking.
Acrescenta igualmente que “Não é necessário evocar Deus para iluminar as coisas e criar o universo”.


The Grand Design

Estas afirmações constam do próximo livro de Stephen Hawking, The Grand Design, escrito em co-autoria com o físico norte americano Leonard Mlodinow que vai ser lançado já este mês.

Por coincidência, este livro surge numa altura em que se considera haver condições para testar algumas previsões da Teoria das Cordas, também chamada Teoria do Tudo.
Esta teoria propõe-se unificar as quatro forças do universo - o Santo Graal da física - a gravidade, electromagnética, nuclear forte e nuclear fraca.  
Se este objectivo fosse alcançado, eventualmente poderia ser explicada a origem do universo.
Ou para quem preferir, conhecer o Pensamento de Deus.

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