Não poderia deixar passar o dia de hoje, em que se celebra o dia mundial da poesia, sem colocar um dos poemas mais bonitos de Fernando Pessoa. De longe o meu poeta preferido.
Às vezes, em sonho triste
Nos meu desejos existe
Longinquamente um país
Onde ser feliz consiste
Apenas em ser feliz.
Vive-se como se nasce
Sem o querer nem saber.
Nessa ilusão de viver
O tempo morre e renasce
Sem que o sintamos correr
O sentir e o desejar
São banidos dessa terra.
O amor não é amor
Nesse país por onde erra
Meu longínquo divagar
Nem se sonha nem se vive:
É uma infância sem fim.
Parece que se revive
Tão suave é viver assim
Nesse impossível jardim.
Fernando Pessoa
21.11.1909
É responsável por um dos maiores legados escritos ao mundo em língua portuguesa.
De personalidade labiríntica e fraccionada, Fernando Pessoa escreve com vários "eus". Cria vários heterónimos com personalidades, profissões e percurso de vida distintos. Destes heterónimos destacam-se, Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro.
"Guardador de rebanhos", "O livro do desassossego" e "Mensagem" são 3 criações maiores numa obra ímpar. Os primeiros dois títulos são escritos respectivamente por dois dos seus heterónimos, Alberto Caeiro e Bernardo Soares e o terceiro título escrito pelo ortónimo Fernando Pessoa.
Como "Deus leva os que mais ama", o Poeta morre cedo.
Fernando Pessoa nasce em Lisboa a 13 de Junho de 1888 e morre a 30 de Novembro de 1935 com 47 anos.
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