Continuo a pensar que o algo de positivo há-de vir para o Haiti após o sismo de magnitude 7 que ocorreu no dia 13 de Janeiro deste ano.
Mas quando as imagens que continuam a inundar a televisão tenho que ir mais fundo na minha convicção para continuar a acreditar que tal irá acontecer.
O desespero, a sobrevivência e a urgência em satisfazer as necessidades mais básicas do Homem, faz com que a Humanidade vá retrocedendo no Haiti e atinja os seus níveis mais primitivos.
Para quem vive e morre nas ruas, assistir ao vai e vem dos aviões, de camiões carregados de medicamentos e bens de primeira necessidade sem que sinta na pele que essa ajuda efectivamente lhe chega, é motivo mais do que suficiente para se revoltar e atacar a mão que lhe é estendida. Viver, e mais do que isso, sobreviver no Haiti, tornou-se uma feroz competição de vida ou de morte com a pessoa que está ao seu lado nas mesmas condições.
Percebe-se que é difícil coordenar o imenso fluxo humanitário (bens e pessoas) que chega ao Haiti e percebe-se também que apesar de tudo, haja interesses escondidos na ajuda em curso. Mas a França deveria ter sido mais comedida ao lançar a afirmação que os EUA estão lá para ocupar o Haiti. Deveria ter esperado mais algum tempo. Não ajudou e lançou achas para a fogueira. Nestes países de historial caótico e violento sabemos que a ajuda enviada em situações de catástrofe nem sempre vai para quem verdadeiramente precisa...
O Haiti vai ter uma longa, penosa e muito provavelmente violenta travessia do deserto.
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