Usualmente a palavra Buda remete-nos quase de imediato para um universo sereno, tranquilo, meditativo e introspectivo. Musicalmente, remete-nos para o new age.
Mas quando se trata de Budda Power Blues, esse universo modifica-se fortemente. Tanto mais quando sabemos que Budda é um bluesman guitarrista que juntamente com o seu irmão Nico, que é baterista e o baixista Tó Barbot, formam um "badass" trio de blues. Guitarradas valentes, cheias de power e coloridas e explosivas de emoção.
Black Snake Moan é um filme de 2006 com protagonizados maravilhosamente por Samuel L. Jackson e Nina Ricci.
Conta a história de um antigo músico blues, Lazarus, temente a Deus e que leva uma recatada vida numa pequena quinta. Um dia encontra na estrada, inconsciente e espancada quase até à morte, uma jovem mulher sexualmente abusada.
Lazarus decide assumir como uma tarefa sua, recuperar e reabilitar esta mulher.
A determinado do momento do filme, Lazarus pega na guitarra e, aos poucos e poucos começa a soltar a história, os segredos que esconde dentro de si, e a guitarra solta-se cada vez mais cheia cheia de força, cheia de tensão. Ambas são vibrantes, rasgadas, emotivas.
Não satisfeito, o realizador adiciona um outro palco por trás desta cena, uma tempestade.
O resultado é uma música cheia de força, hipnotizante, catártica, com um ambiente dramático.
One in a Million, dos Budda Power Blues, remeteu-me numa primeira impressão para esta cena de Black Snake Moan.
Mas não. Falta-lhes a magia, a raiva e dor surda que se reflecte no som da guitarra.
Ouvindo melhor esta canção, ouvindo uma segunda vez, o universo blues rock dos ZZ Top é o que melhor revemos neles.
O que está longe de ser mau. ZZ Top marcaram e definiram o som de uma época.
Por cá, não vejo ninguém a conseguir um blues tão puro, tão próximo da sonoridade que todos nós conhecemos e gostamos.
Eles estão para o blues, como os Cais Sodré Funk Conection estão para o soul e funk nacional.
São uma banda de referência.
Bom fim de semana ☺
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