Regressei há menos de uma semana da Índia. Ainda estou impregnado dela.
Quando hoje pensava que música iria escolher para este fim de semana, as sonoridades deste país asiático saltaram logo como pipocas.
Em Pushkar, uma cidade da Índia, existe uma pequena loja de música gerida por Ravi Sharma, o fundador da Roots of Pushkar Records, uma etiqueta de música indiana que se dedica a divulgar em particular a música tradicional e moderna do estado do Rajastão.
- Queria música do Rajastão, étnica, moderna, mas não eléctrica. Sitar e tablas têm que estar presentes.
Um puto simpático de costas acentuadamente curvas foi a um estante e trouxe-me o Sitar Lounge e I e II de Amita Dalal.
Chill out, mas também muito New Age e vocais pouco condizentes com a etnicidade que procurava.
Deixei correr três ou quatro faixas e desisti do cd.
Depois trouxe-me Flamenco Fusion. Tinha um toque moderno não excessivo, a sonoridade indiana estava obviamente, mas não consegui perceber o que estava lá a fazer o flamenco. Queria música indiana em estado puro.
Ravi entretanto chega e entrega-me três cds: Strings of Rajasthan de Pandit Sharma, Master Drummers of Rajasthan de Nathulal Solanki e Making Music de Zakir Hussein.
Comprei os dois primeiros porque tinha o Making Music, além que considerava o Zakir o melhor tocador de tabla do mundo.
Ganhei dois amigos para a vida. O Ravi e o Nathulal que também estava lá na altura. Zakir Hussein é indiano. Dificilmente poderia ter feito maior elogio à música indiana.
Falamos bastante sobre música e músicos indianos que conhecia e sobre outros géneros de música.
O possante tocador de tabla de imponente bigode, convidou-me para na manhã do dia seguinte pegar numas tablas e ir com ele para o Lago Pushkar tocar.
- Nathulal, a única coisa que sei tocar é campainhas da porta, e mesmo essas, já há algumas dezenas de anos que não pratico.
- Não te preocupes, dessa parte trato eu!
Olhei-bem nos olhos e pensei para mim: - Nem sabes naquilo que te estás a meter!
Expliquei que no dia a seguir partia bem cedo para Jaipur e que não podia estar com ele na manhã seguinte.
- Onde vais passar o Holi?
- Vou estar em Varanasi
Ravi tira um cartaz de um espesso molho que tinha em cima do balcão e leio que vai haver uma festa trance no dia Holi.
- Grande festa, muita gente, muita música. Pushkar tem o melhor Holi da Índia!
Gosto muito de trance. Liquefaz-me e torra-me o cérebro ao mesmo tempo. A ideia de estar numa festa trance na Índia é absolutamente sedutora.
- Não vai dar Ravi. Em 2017 quem sabe...
- Então celebramos o Holi 2017 com tablas ao nascer do sol no lago??
- Nathulal, para o ano, no dia em que chegar, venho à tua procura aqui na loja do Ravi para combinar qualquer coisa contigo.
- Se eu não estiver, o Ravi avisa-me. Good luck Pedro!
- Ravi, Nathulal, até para o ano. Take Care!
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